Páginas

Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador Literatura. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Literatura. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Ah! Deixa pra lá, estamos no Brasil...


E já em 1955 Machado escrevia nossos medos.. Simbolizados nos temores do fantasminha mais humano que nós mesmos atualmente.

É isso! Somos fantasmas, que teme gente e mar! O mar de lama e caos que vivemos, de gente que só pensa em si ou protege os criminosos.

Somos invisíveis aos olhos dessa gente! Que importa nossa fome, nossa sede, nossa saúde e falta de educação, quiçá nossos constrangimentos... Somos Fantasmas.

Fantasmas não precisam de justiça, de segurança. A era do circo passou faz tempo. Palhaços são peças de museu. Morremos e ficou apenas nosso espectro.

E onde mais procurar nossa menina – esperança- raptada pelo pirata da perna de pau? Nessa gente, não podemos confiar... Temos medo!

Enquanto isso, deixamos que ejaculem em nós todas as injustiças, imprudências, equívocos, desumanidades...

O que é uma ejaculação fisiológica para quem compactua com a ejaculação moral, ética que assola esses dois mundos: dos fantasmas e das “gentes”?

Como queremos que essa gente entenda de constrangimento se somos nós, reles fantasmas, os  constrangidos...

Justiça é coisa de gente, não de fantasma. E nem adianta esperar Maribel acordar, são muitos piratas da perna de pau...

 Talvez se acendessem nessa gente uma luz do behaviorismo filosófico, mesmo que atualmente primitivo, pudéssemos vislumbrar  soluções amplificadas, não unidirecionais, simplificadas na soltura daquelas que cometem ejaculações em cima de ejaculações...


Ai sim Maribel pode, quem sabe, acordar e se tornar amiga de nós, plufts!

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Dia dos namorados

Dia dos namorados, dos enamorados, dos que estão em união de amor, do que estão em amor.  E estar em amor é libertar-se de todas as amarras que impedem a felicidade na sua singularidade.
É desprender-se de todos os pré conceitos de idealismos, perfeccionismos ou de contos de fadas. 
É desapegar se sentimentos, qualquer que seja ele, exceto o  próprio amor.
Amar não é sofrer, não rima com dor, não é um sobrepor-se ao outro, mas compartilhar, entender e compreender.
É deixar o próprio ego de lado, e saber que mesmo na inutilidade o outro tem seu valor.  É saber que mesmo na nossa inutilidade o outro está ali do nosso lado, não por pena ou compaixão, apenas por nos amar.
Não precisa admirar, não espera retribuição. O amor é gratuito, mas não cabe aférese.
Amar é desprender-se de qualquer convenção social, é exigir de si mesmo apenas a singularidade de amar.
Muitos não entendem, e ainda perguntam: que amor é esse?  Talvez sejam essas mesmas pessoas que não sabem o que é estar em amor.
Talvez ai se insira melhor o conceito de que amor se constrói:  a construção do amor não corresponde em crescimento , aumento de um sentimento, mas dos desapegos, das desconstruções, da absolvição. E talvez seja por esse mesmo sentindo que tantas uniões se acabam, não por falta de amor, mas por que as partes  - ou uma delas - não estejam no amor, estejam à espera do que o outro possa lhe fazer, oferecer. Exceto em casos criminais.
Assim, muitos dos casos “da pessoa errada’ seja simplesmente, n]ao estamos preparados.

Assim nesse dia, embora com todo apelo mercadológico, não minimize comparando com outras datas: ame, construa, ou ao menos prepare-se!

vídeo sugerido:

Thinking Out Loud


domingo, 4 de junho de 2017

E a vida?

motivação

O  que é a vida se não uma sequência de fatos que vivemos e vivenciamos...

Fatos que constroem nosso presente, para termos um futuro, e de repente amanhã já são passado.

E pra que ficar preso ao passado? Para não viver o hoje?

Vivamos o hoje com o amor! Não precisamos das histórias, dos fatos, das circunstâncias. O amor nos basta, pois é o único sentimento que não precisa de um passado para existir.

Façamos então nosso presente de amor! Amor sem limites, sem fronteiras, sem pré conceitos e julgamentos. O amor da soma, da multiplicação, dos acréscimos...

Não importa o que te fizeram, mas a provocação que Sartre, o sempre atual Sartre, “o que você fez daquilo que te fizeram?”

Uns podem se entregar, e mesmo que te joguem no abismo... lembrem-se de Lispector e responda:


“E daí? Eu adoro voar!”

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Evento online - O agenciamento literário



Giuliana Trovato, agente executiva-chefe da McSill Literary Agency, e James Mcsill, fundador do grupo McSill Literary Management, estarão online num evento de fim de ano, gratuito, respondendo perguntas de autores profissionais ou iniciantes a respeito de agenciamento literário e publicação no exterior.
 
Os tópicos:
 
  • O papel do agente literário;
  • Como encontrar/buscar um agente literário;
  • Como conseguir um agente para seu manuscrito;
  • Como escrever para um agente literário;
  • O que diferencia um bom/mau agente;
  • Como publicar no exterior;

Dia: 16 de dezembro de 2012
Horário: 18hoo (hora de SP/ RJ)
 
Poderá ser assistido via:
- Twitcam
- Livestream
- WeMobi

Para se inscrever, envie um email para info@mcsill.com e aguarde as informações de login.

domingo, 12 de junho de 2011

PETER LIMA



Ontem eu conheci um poeta, escritor e filósofo em Paraty. A abordagem não poderia ser mais inusitada. Após eu decidir comer a sobremesa ( um sorvete de chocolate com pistache) antes mesmo da janta, sentei-me em uma das mesas pelas ruas da cidade histórica.,

Um homem vinha ao longe com uma bolsa toda decorada, papéis na mão, e se apresentou como se fizesse uma reverência a reis e rainhas. Não exagero, mas é ótimo em meio à multidão sermos notados, nos sentimos reis e rainhas. E isso aqui em Paraty é comum!

Após uma breve apresentação ele me mostrou o seu trabalho, pedaços de papel xerocados, cortados e grampeados de forma artesanal e vendidos sem preço fixo, de forma livre. Ou seja, “contribua com o que você quiser”.

Tivemos uma breve conversa, mas o tempo suficiente para saber um pouco da sua história, depois relida em um dos contos. Certamente não se trata de uma história de superação, mas de auto-reconhecimento, de busca e espiritualidade.

Quase uma cena filosófica, se não fosse viver filosofia ali, com um poeta, um sorvete e tendo como cenário uma cidade mágica, paradoxal, ou como o próprio Peter definiu: cosmopolita.

Isso é arte! Arte de poesia, a arte de escrever, a arte de fazer da vida uma filosofia! A arte de viver.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

SEIS - DESMANUZALIZANDO A SAÚDE MENTAL



SEIS - DESMANUALIZANDO A SAÚDE MENTAL é um livro que reúne uma série de textos sobre saúde mental. São textos que falam de tratamento, sobre enfrentamento, o lidar, suicídio, ansiedade e tantos outros sinais e sintomas. Todos os temas são desvinculados de teorias científicas, e baseados em experiências minhas enquanto profissional, familiar e pessoas acometida por transtorno mental.

a venda em e-book (R$10,00) ou impresso simples (encadernado - R$25,00)



já a venda comigo em e-book ou edição do autor....



Procurei fazer algo diferente, já que estou desmanualizando porque não fugir á regras, dogmas, pragmatismo, etc....


então quem se interessar pode entrar comigo pelo meu email e pelo facebook, só encontrar à direita deste blog.


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Se permitir

Julio e Zaqueu eram amigo desde a infância, embora tenham se separado na adolescência para estudos, ao iniciarem a idade adulta voltaram a se encontrar. e faziam muitas coisas juntas, dentre elas viajar de moto.


Certa vez ao pararem no vilarejo para abastecer as máquinas, sentaram-se num bar e conversavam sobre a vida. Julio sempre admirou seu amigo, era centrado, sábio, e observador.


Após alguns minutos ali sentados o sino da igreja tocou, e de dentro saíram pessoas

comemorando mais um casamento. Julio fitou as pessoas por uns instantes e perguntou em voz alta quando seria merecedor de tal felicidade.


Zaqueu, deu mais um gole na bebida, esboçou um sorriso, levantou-se, segurou um dos ombros do amigo e disse: “quando você se permitir ser feliz, quando você deixar de perceber que a vida não é só você." Saiu do bar, e se juntou aquelas pessoas festejando mais um casamento...

nem tudo que se vê é real



Em um pequeno vilarejo da Escócia vivia um sábio e seu discípulo, um jovem órfão que foi encontrado à beira da estrada. Todos os dias os dois saiam do alto da colina onde moravam e passeavam pelo local, e ficavam a contemplar a natureza.


Todos os seus movimentos eram observados por uma jovem que ajudava a família no mercado, e que todas as manhãs levava aos dois uma cesta contendo leite, pães e frutas.


O jovem discípulo não aceitava tal prática, dizia que não era necessário e sempre que tinha uma oportunidade falava isso a moça, que não era necessário. Falava ao mestre que ele se incomodava, pois ela os observava, e era certo que o interesse dela era somente se aproximar dele, ela era mais uma moça que só queria um bom casamento. O sábio nada dizia.


Depois de algum tempo o sábio veio a falecer, e o jovem continuou sozinho a rotina diária. Mesmo assim a moça continuava a levar a cesta. Certa manhã, o jovem saiu até a varanda e lhe diz que não precisava mais levar a cesta de alimentos, que ele poderia comprar, e o que plantava dava para ele. Ainda assim, a moça não parou de levar.


Certa manhã ao levar a cesta, ela viu, do alto da colina, a estrada e viu que havia uma carroça virada e uma pessoa caída na estrada, correu chamou seu pai, e foram socorrer a pessoa.


Percebeu que era o jovem rapaz, que agora já era dado como sábio. Levaram-no para a casa dele, e seu pai lhe deu ordens para cuidar até quando ele pudesse se virar sozinho.


Assim a moça fez, mesmo a contra gosto do rapaz, que a mandava ir embora sempre. Não aguentando mais a presença da moça, ele perguntou porque ela ainda insistia em permanecer ali, mesmo sendo mal tratada, que ele jamais iria olhar para ela ou querer algo com ela.


A moça respondeu que estava ali apenas porque aprendeu com o mestre dele ser assim, e não porque estava interessada nele. Que as frutas que trazia todas as manhãs não eram para ele, mas para receber os ensinamentos do mestre, que colocava no fundo da cesta as sábias palavras. E os acompanhava passear para enxergar a natureza pelos olhos do mestre.


O rapaz sem saber o que dizer, abaixou a cabeça e só perguntou por que então ela continuava a levar as frutas mesmo depois da morte do mestre? A moça com um sorriso, explicou que ela apenas estava dando continuidade ao que o mestre fazia, o papel que forrava a cesta havia mensagens deixadas por ela, para que ele continuasse a jornada, ao ponto de que fosse capaz de realmente enxergar através dos olhos do outro, ou simplesmente doar além do próprio medo.


Sem entender ele a olhou num tom de questionamento. Ela então disse que aprendeu que todo aquele que te incomoda, lhe causa sentimento ruim, é aquele que mais tem para ensinar-lhe algo, pois somente ele é capaz de fazê-lo atentar para os próprios problemas, fraquezas. Desses não devemos nos afastar, até entendermos onde precisamos evoluir.


A partir daquele dia, ele entendeu que não era sábio, e que não tinha mais ninguém para orientá-lo, e toda a sabedoria que lhe faltava seria através do auto-conhecimento.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Escolhas


Era dia de Festa num pequeno povoado, ainda de costumes rurais. Iria chegar de viagem a filha de um dos homens mais ricos daquela cidadezinha, e todos se preparavam para a festança. A família de Virgínia não queria se atrasar e todos gritavam pela moça que cismava em brincar correndo por entre as flores. Todos já estavam prontos, parados à porta, quando perceberam que Virginia ainda estava no banho. Com pressa seu pai preparou uma charrete e indicou a filha que fosse depois, mas que antes fechasse bem a porta de casa. Virginia nem ousou correr, continuou a cantarolar durante o banho. Após, colocou um lindo vestido azul, laços de fita na cabeça, arrumou uma cesta de flores e frutas e foi em direção à igreja. A estrada era de terra e cheia de buracos, mas nem isto retirava o bom humor da moça.


Em dado local da estrada ela Virgínia pode ouvir ao longe grito de socorro, era uma mulher, ela parou olhou a sua volta e a pé foi seguindo o som. Se deparou com um enorme buraco em um atalho paralelo à estrada, lá estava uma mulher pedindo socorro, a mesma parecia ter caído no buraco e estava machucada.


Sem pensar muito, a moça correu até a charrete abriu uma caixa de utensílios que seu pai mantinha no transporte, pegou uma pequena corda e retornou para salvar a moça, antes de jogar a corda, jogou um pano, água para que a moça pudesse se acalmar. Jogou a corda. E apesar de certa dificuldade conseguiu resgatar a mulher.


A recostou numa arvore, deu-lhe mais água, limpou seu rosto. Após perceber que a mulher estava mais calma, perguntou se queria que a levasse em algum lugar, como foi feito. Ajudou a mulher a subir na charrete, e a levou. No caminho continuava a cantarolar, sentindo o vento em seu rosto, ofereceu frutas a convidada e foi seguindo o caminho que se tinha de fazer.


A mulher intrigada, perguntou se ela não iria perguntar o que tinha acontecido. Virginia com um sorriso no rosto disse que não lhe importava o que tinha acontecido que a prioridade dela naquele momento era ajudá-la. Chegou a uma fazenda, deixou a mulher e partiu de volta para sua casa.


Ao chegar a casa, percebeu sua família triste, e cabisbaixa, não houvera festa, a moça que iria chegar, não chegou, e com isto perderam dia de trabalho para se prepararem para a festa, o que atrasaria algumas entregas, acabaram não trabalhando e nem tendo diversão.


Mas Virgínia permanecia tranquila  satisfeita. Afinal ela se dedicara o tempo suficiente em cada atividade que escolheu, ponderou o que era importante, conseguiu estabelecer as prioridades sem deixar o egoísmo e o egocentrismo tomar conta de si.

Dias depois, veio a saber que a moça que ajudara era a tão esperada para a festa que nunca aconteceu.

segunda-feira, 7 de março de 2011

De Rubem Fonseca à apoteose



Quem assistiu ao desfile da escola de samba do Rio de Janeiro, Unidos da Tijuca, ontem (06/03/2011), pode acompanhar um belo espetáculo. Não sou nenhuma especialista da área, porém para perceber o que é bonito de se ver e que prende a atenção do público isso não é preciso nenhum estudo minucioso.

Mas algo que me chamou atenção nos últimos desfiles da escola não foi exatamente a criatividade, mas a forma que esta é apresentada, que muito me pareceu ao estilo de escrever de Rubem Fonseca.

O carnavalesco, assim como o autor, utiliza-se do “artifício” de apresentar a história de trás para frente. Geralmente as escolas de samba, livros, novelas, filmes costumam apresentar seus enredos (histórias) de forma crescente, começam de forma mais simplista e terminam num grand finale. Assim são os livros de Rubem Fonseca, e foi o desfile da respectiva escola.

O inicio com uma comissão de frente que provocava a imaginação de todos, além da curiosidade, fazia com que o público que a assistia, ficasse curioso para ver o que mais a escola trazia, qual outra novidade teria prendendo assim a atenção de todos. Porém o final não surpreende tanto quanto o início e desenrolar da história.

Estilo, marketing, seja lá o que for, certamente atingiu o objetivo, pois embora muitos fiquem com a sensação de “faltar um final’ a altura, ninguém esquece o primeiro impacto.
__________________________

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sapato preto



Todos os dias ele ficava parado à janela no fim da tarde, observando aquela linda mulher, de roupas simples, pouco ousadas, mas com muito glamour, passar com seu sapato preto baixo, nem o som dos saltos se ouvia. Ora ela trazia nas mãos livros, ora alguma pasta. Às vezes, sentava na praça em frente a sua casa, lia algo e se ia após o pôr do sol, outras passava, afagava uma flor e continuava seu percurso

O homem ficava ali, a observar movimentos dela, durou alguns meses, sem nunca ousar ir até lá e dar um oi, ou um boa tarde que fosse. Às vezes, dependendo do local onde ela se sentava, podia ver que parava a leitura e ficava com o olhar distante, como se seu pensamento vagasse por aquele ambiente.

Certo dia apareceu no local um mendigo, que começou a se abrigar em um cloreto que havia na praça, que por sua vez parecia mais abandonada, se não fosse aquela moça a povoar todo fim de tarde nos dias de semana.

No primeiro dia ela apenas observou o homem, no segundo levou-lhe biscoitos, e a cada dia lhe levava algo, na época do frio lhe levou agasalhos, cobertor e colchonete. Aquela atitude dela mexia com o homem que a observava da janela, intrigava-o, a cada dia desejava para ele mesmo aqueles cuidados.

A moça e o mendigo passavam horas conversando, a noite caía, e o homem ia trabalhar, e os dois continuavam ali conversando, riam, e liam juntos. Ele descia a rua olhando para trás, nem um aceno, nem um olhar em sua direção era lançado pela moça, que ficava entretida com o mendigo.

Ficava a noite a pensar naquela moça. Queria-a pra ele, mas como? Decidiu então que no dia seguinte iria abordá-la de qualquer jeito, mas ela não aparecera. Perguntou ao homem que agora povoava a praça por ela, mas lhe respondeu que nada sabia dela, e ofereceu-lhe um livro para ler, que  recusou imediatamente, voltando para casa cabisbaixo com o pensamento dando voltas: onde encontrar aquela mulher.

Algum tempo se passou e a imagem dela se distanciava da sua mente, vindo à tona somente quando via aquele mendigo, por muitas vezes o repugnava, desviava dele cada vez que vinha em minha direção ou batia a sua porta pedindo comida ou oferecendo um livro.

Revoltado com a postura daquele homem, pela ousadia dele em bater à sua porta e vir oferecer um livro, chegava a insultá-lo, tinha vontade de bater, até matá-lo. Pensava, por vezes, quem era ele para lhe despertar do sono, do seu descanso diário, trabalhara a noite toda e vinha um marginal lhe acordar?


Certo dia foi mais cedo para o trabalho, haveria uma seleção de nova dançaria para a boate, e quando se sentou à frente do palco não acreditou no que via. Era aquela moça recatada da praça, à sua frente vestida com um maiô vermelho com paetês, um penacho na cabeça pronta para começar a dançar.

Seus olhos se fixaram aos dela, e fez sinal para que ela começasse. Quase não acreditava no espetáculo que assistia. Assim que terminou sua apresentação lhe informou que estava contratada e que poderia começar aquela noite. Ela agradeceu, saiu rápido. E em poucos minutos já estava no salão se despedindo e falando que voltaria mais tarde. Informou-lhe que ao chegar o procurasse para acertarem o contrato de trabalho, algo que ela já havia sido informada antes.

A noite chegou ela se apresentou e ao final ele a chamou ao escritório, era ali que ela finalmente seria dele, inicialmente trataram dos assuntos burocráticos, os quais ela imediatamente aceitou, e disse que estava sem muita opção, pois perdera o emprego e era sozinha na vida. O homem então pediu uma bebida para os dois e começaram a conversar, criando todo um clima para que ela se entregasse a ele. Trancou a porta, os funcionários do local sabiam que quando isso acontecesse não eram para interromper e podiam ir embora sem incomodá-lo

A certa altura pediu que ela dançasse para ele, e imediatamente ela retirou o roupão sensualmente e iniciou a dança até ir parar em seu colo, de frente pra mim, lhe dando um longo e demorado beijo, quase não podia acreditar. Ela então era dele! Pegou-a no colo e a colocou no sofá e ali se entregaram um ao outro.

Ela levantou-se, pegou mais duas taças de vinho e se juntou a ele, brindaram, cada um tomou alguns goles, ela o deitou no sofá, derramou um pouco de vinho nele e tomou o vinho derramado nele, passando a boca em todo o percurso feito pela bebida.

Depois disso ele não pode ver mais nada, quando acordou já estava em uma delegacia, atrás das grades e uma pessoa a sua frente, fora das cela.

Sentado em uma cadeira, apoiado nas costas, e somente a grade os separando, atordoado perguntou o que acontecia, o homem num sorriso, lhe ofereceu um livro, ele pegou e pode ler o título “ A menina má”. Olhou aquele homem a sua frente e o reconheceu, era o mendigo que vivia na praça a frente da sua casa. Ele balançava a cabeça tentando organizar os seus pensamentos.

O homem então se apresentou como César, disse que era investigador e há muito tempo estava na cola daquela moça que usa vários nomes, que ela vivia de golpes a várias pessoas, que tentou alertá-lo com o livro que continha um bilhete sobre aquela moça, mas ele sempre recusou.

Explicou que ela o envolveu, roubou tudo o que pode, dinheiro e documentos que estavam no cofre da boate, objetos de valor da, fez saques no banco e que agora estaria certamente atrás da próxima vítima.

Infelizmente ela havia desaparecido. Na noite do crime ele desistiu de esperar ela voltar, e foi para a casa a noite tentar novas pistas dela.

Quando o homem questionou porque estava preso, César explicou que a polícia foi acionada por um funcionário que chegou pela manhã na boate para receber fornecedores e viu muitas coisas reviradas e o tal homem caído no chão do escritório. A polícia  encontrou vários documentos e anotações do trafico e prostituição que acontecia no local, que também já era fruto de investigação de colegas. E que estava ali apenas pra saber se ela deixara alguma pista com ele, algum lugar que ela gostaria de ir, algo do gênero.

O homem respondeu que a única coisa que lembrava foi ela ter dito que iria a um almoço beneficente no próximo domingo e não poderia trabalhar no sábado, pois ajudaria nos preparativos.

O investigador levantou, e o homem perguntou se ele iria tirá-lo dali, César sem olhar para trás respondeu que não era caso do seu departamento.

No domingo César então estava lá no almoço, e logo avistou a moça bem vestida e com os seus sapatos pretos, e foi em sua direção.

- Olá doutor, muito trabalho? Disse-lhe esboçando um sorriso.

- Um dia te pego. Respondeu César em um largo sorriso e levantando um copo de chopp em um brinde, e saindo em qualquer direção.