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quarta-feira, 18 de maio de 2011

nem tudo que se vê é real



Em um pequeno vilarejo da Escócia vivia um sábio e seu discípulo, um jovem órfão que foi encontrado à beira da estrada. Todos os dias os dois saiam do alto da colina onde moravam e passeavam pelo local, e ficavam a contemplar a natureza.


Todos os seus movimentos eram observados por uma jovem que ajudava a família no mercado, e que todas as manhãs levava aos dois uma cesta contendo leite, pães e frutas.


O jovem discípulo não aceitava tal prática, dizia que não era necessário e sempre que tinha uma oportunidade falava isso a moça, que não era necessário. Falava ao mestre que ele se incomodava, pois ela os observava, e era certo que o interesse dela era somente se aproximar dele, ela era mais uma moça que só queria um bom casamento. O sábio nada dizia.


Depois de algum tempo o sábio veio a falecer, e o jovem continuou sozinho a rotina diária. Mesmo assim a moça continuava a levar a cesta. Certa manhã, o jovem saiu até a varanda e lhe diz que não precisava mais levar a cesta de alimentos, que ele poderia comprar, e o que plantava dava para ele. Ainda assim, a moça não parou de levar.


Certa manhã ao levar a cesta, ela viu, do alto da colina, a estrada e viu que havia uma carroça virada e uma pessoa caída na estrada, correu chamou seu pai, e foram socorrer a pessoa.


Percebeu que era o jovem rapaz, que agora já era dado como sábio. Levaram-no para a casa dele, e seu pai lhe deu ordens para cuidar até quando ele pudesse se virar sozinho.


Assim a moça fez, mesmo a contra gosto do rapaz, que a mandava ir embora sempre. Não aguentando mais a presença da moça, ele perguntou porque ela ainda insistia em permanecer ali, mesmo sendo mal tratada, que ele jamais iria olhar para ela ou querer algo com ela.


A moça respondeu que estava ali apenas porque aprendeu com o mestre dele ser assim, e não porque estava interessada nele. Que as frutas que trazia todas as manhãs não eram para ele, mas para receber os ensinamentos do mestre, que colocava no fundo da cesta as sábias palavras. E os acompanhava passear para enxergar a natureza pelos olhos do mestre.


O rapaz sem saber o que dizer, abaixou a cabeça e só perguntou por que então ela continuava a levar as frutas mesmo depois da morte do mestre? A moça com um sorriso, explicou que ela apenas estava dando continuidade ao que o mestre fazia, o papel que forrava a cesta havia mensagens deixadas por ela, para que ele continuasse a jornada, ao ponto de que fosse capaz de realmente enxergar através dos olhos do outro, ou simplesmente doar além do próprio medo.


Sem entender ele a olhou num tom de questionamento. Ela então disse que aprendeu que todo aquele que te incomoda, lhe causa sentimento ruim, é aquele que mais tem para ensinar-lhe algo, pois somente ele é capaz de fazê-lo atentar para os próprios problemas, fraquezas. Desses não devemos nos afastar, até entendermos onde precisamos evoluir.


A partir daquele dia, ele entendeu que não era sábio, e que não tinha mais ninguém para orientá-lo, e toda a sabedoria que lhe faltava seria através do auto-conhecimento.

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