A situação está insustentável: falta médicos,
falta medicação, falta insumos, falta vagas, falta boa vontade, falta SAÚDE!
Sobram
reclamações, pitacos, fiscalizadores e
doença!
Muitos
justificam a falta de investimentos no setor, bons salários como o principal
problema da saúde. Ledo engano. O problema da saúde está na gestão. Não! Não me refiro a apenas gestão
municipal, estadual e/ou federal. Refiro-me a gestão institucional, de setor,
de material de pessoas.
Falta
congruência dos vários setores da saúde e
da sociedade. Não se pode falar em saúde sem falar em educação, meio
ambiente, condições sócio-econômicas. Falta vontade, e sobram teorias.
Para
gerir a saúde não basta ser conhecedor de lei. Tem que saber administrar, e
quando digo administração, não me refiro apenas a teorias econômicas.
O
caos na saúde é no país inteiro, e me intriga ver algumas aberrações com
soluções extremamente simples.
Falarei
no contexto juiz forano, mas certamente
servirá para outras cidades. Vale
destacar que não falarei de valores em números, apenas os citarei. Existe uma
lei que determina uma porcentagem mínima para gasto municipal com saúde. Juiz
de Fora investe mais do que esse mínimo. E mesmo assim a
saúde está um caos.
Pode
investir ainda mais que ainda continuará a faltar. Isso porque a cidade vive um
paradoxo, e uma desuniformização da saúde. A prevenção quase inexiste, referência
e contra referência não funciona, serviços públicos atuando de forma autônoma e
ao mesmo tempo dependente.
Vejamos
um exemplo: falta de medicação. Temos serviços de nível federal, atendendo pelo SUS,
prescrevendo medicações de uso contínuo ou não que devem ser pegas no posto de
saúde (Unidade de Atenção Primária – UAP). Ora como essa unidade que fornecerá
a medicação tem condições de fazer
previsão e provisão de medicação? Ao passo que pessoas residentes em
bairros sem UAP, poderá ir em outros bairros buscar essa medicação. E o que é
pior, em mais de um bairro, pois as vezes esquecem de registrarem que a
medicação já foi adquirida. Ou marcam, mas há prescrição feitas para 3 meses,
ai fica fácil pegar em mais de um local, pois raramente se verifica nome e data
da mesma.
Agora
pergunto: como a secretaria de saúde tem condições de comprar medicação
necessária para todo o município, se não tem a média real de gasto?
Outra
questão que me intriga, é com relação a rouparia. Consecutivamente há reclamação de falta de lençol, de cobertor,
disso e daquilo nos prontos atendimentos, me questiono. Juiz de Fora tendo a
demanda que tem em termos de serviços de saúde,
porque terceiriza em outro ESTADO a lavanderia, sem em contra partida
ter rouparia suficiente conforme preconiza a hotelaria hospitalar? Uma
lavanderia central na cidade além de
resolver a demora na entrega, transporte, etc. geraria emprego na cidade e renda, uma vez que poderia estar recebendo
rouparia de cidades pequenas da região.
Falta
de médico. Ora se o médico falta e continua recebendo é caso grave. É caso para
sindicância e possível desligamento. Já que ele não vai, também não fará falta.
Abre-se concurso, contrata-se, arruma-se uma saída, não adianta ficar pagando
quem não vai.
A
falta de verba se resolve com uma severa auditoria em TODOS os serviços
públicos. Há incrível desperdício de
material, não há rotinas, protocolos, é cada um fazendo o que bem entende. Mesmo
afastada do meio ainda vejo
procedimentos caros sendo
realizados, enquanto um bem mais em conta poderia ser feito.
È preciso
uma atenção básica atuante, funcionando
de forma uniformizada, em Juiz de fora isso não acontece. Temos bairros sem
unidade básica, bairros com Estratégia Saúde da família, outros só com atenção
primária. E mesmo assim quando se precisa de um atendimento fora de rotina, ou
para controle, é um Deus nos acuda.
Recentemente
passei por um pequeno procedimento cirúrgico de urgência. Procedimento este
que demoraria poucos minutos e o pós
operatório umas duas horas no máximo. Deixaram-me no pós operatório, dentro da
sala pós anestésica por CINCO horas. Com monitoração cardíaca, numa maca
estreita sem poder me mexer (nem mesmo os braços), ouvindo todos os apitos,
vendo gente sair e entrar a todo momento, equipe de enfermagem comer pizza,
baterem fotos para rede social, rirem, sentarem em cima de lixeira, e ainda eu
ter de chamar porque o soro tinha acabado e não viram. Enquanto minha família
ficou na recepção do hospital desesperada por notícia, pois NINGUÉM fora lá
avisá-los que correu tudo bem. Precisaram acionar a ouvidoria da saúde, após
isto o administrador do hospital (público)
foi dentro do centro cirúrgico saber de mim, e só assim me liberaram. Esperei
duas horas, sentada na recepção, pelo procedimento, pois o centro cirúrgico
estava lotado. Penso agora depois de ter ficado cinco horas: quantas pessoas
esperavam também por vaga no centro cirúrgico enquanto eu era esquecida lá
dentro?
Concordo
que existem bons profissionais, que existem muitos que se esforçam, que
trabalham em condições precárias. Mas falta gestão de qualidade, não adianta conhecer leis, é
preciso mais, dá trabalho? Sim! Mas é necessário.
Não se pode ficar investindo cada vez mais,
gastando cada vez mais, e as
condições de atendimento caindo mais ainda.
É preciso
informatizar, como já dito, os serviços
serem sim, hierarquizados, mas integralizados, confluentes. Isto é possível
fazer, basta querer!
Deixo aqui um vídeo do quadro Patrulha do Consumidor, do programa da Rede Record, Programa da Tarde, no qual Russomanno fala um pouco do caos na saúde e administração da mesma. Existe outros casos discutidos no programa, também sobre saúde, mas o ponto que destaco está em no tempo de 49 minutos (podem ir direto). O programa foi do dia 24 de abril do ano corrente.
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