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domingo, 27 de abril de 2014

Precisa-se de saúde, urgente



 A situação está insustentável: falta médicos, falta medicação, falta insumos, falta vagas, falta boa vontade, falta SAÚDE!

Sobram reclamações,  pitacos, fiscalizadores e doença!

Muitos justificam a falta de investimentos no setor, bons salários como o principal problema da saúde. Ledo engano. O problema da saúde está  na gestão. Não! Não me refiro a apenas gestão municipal, estadual e/ou federal. Refiro-me a gestão institucional, de setor, de material de pessoas.

Falta congruência dos vários setores da saúde e  da sociedade. Não se pode falar em saúde sem falar em educação, meio ambiente, condições sócio-econômicas. Falta vontade, e sobram teorias.

Para gerir a saúde não basta ser conhecedor de lei. Tem que saber administrar, e quando digo administração, não me refiro apenas a teorias econômicas.
O caos na saúde é no país inteiro, e me intriga ver algumas aberrações com soluções extremamente simples.

Falarei no contexto juiz forano, mas certamente  servirá para outras cidades.  Vale destacar que não falarei de valores em números, apenas os citarei. Existe uma lei que determina uma porcentagem mínima para gasto municipal com saúde. Juiz de Fora  investe  mais do que esse mínimo. E mesmo assim a saúde está um caos.

Pode investir ainda mais que ainda continuará a faltar. Isso porque a cidade vive um paradoxo, e uma desuniformização da saúde. A prevenção quase inexiste, referência e contra referência não funciona, serviços públicos atuando de forma autônoma e ao mesmo tempo dependente.

Vejamos um exemplo: falta de medicação. Temos serviços de  nível federal, atendendo pelo SUS, prescrevendo medicações de uso contínuo ou não que devem ser pegas no posto de saúde (Unidade de Atenção Primária – UAP). Ora como essa unidade que fornecerá a medicação tem condições de fazer  previsão e provisão de medicação? Ao passo que pessoas residentes em bairros sem UAP, poderá ir em outros bairros buscar essa medicação. E o que é pior, em mais de um bairro, pois as vezes esquecem de registrarem que a medicação já foi adquirida. Ou marcam, mas há prescrição feitas para 3 meses, ai fica fácil pegar em mais de um local, pois raramente se verifica nome e data da mesma.

Agora pergunto: como a secretaria de saúde tem condições de comprar medicação necessária para todo o município, se não tem a média real de gasto?

Outra questão que me intriga, é com relação a rouparia. Consecutivamente  há reclamação de falta de lençol, de cobertor, disso e daquilo nos prontos atendimentos, me questiono. Juiz de Fora tendo a demanda que tem em termos de serviços de saúde,  porque terceiriza em outro ESTADO a lavanderia, sem em contra partida ter  rouparia suficiente conforme  preconiza a hotelaria hospitalar? Uma lavanderia central na cidade  além de resolver a demora na entrega, transporte, etc. geraria emprego na cidade e  renda, uma vez que poderia estar recebendo rouparia de cidades pequenas da região.

Falta de médico. Ora se o médico falta e continua recebendo é caso grave. É caso para sindicância e possível desligamento. Já que ele não vai, também não fará falta. Abre-se concurso, contrata-se, arruma-se uma saída, não adianta ficar pagando quem não vai.

A falta de verba se resolve com uma severa auditoria em TODOS os serviços públicos.  Há incrível desperdício de material, não há rotinas, protocolos, é cada um fazendo o que bem entende. Mesmo afastada do meio ainda vejo  procedimentos caros sendo  realizados, enquanto um bem mais em conta poderia ser feito.

È preciso uma atenção básica atuante,  funcionando de forma uniformizada, em Juiz de fora isso não acontece. Temos bairros sem unidade básica, bairros com Estratégia Saúde da família, outros só com atenção primária. E mesmo assim quando se precisa de um atendimento fora de rotina, ou para controle, é um Deus nos acuda.

Recentemente passei por um pequeno procedimento cirúrgico de urgência. Procedimento este que  demoraria poucos minutos e o pós operatório umas duas horas no máximo. Deixaram-me no pós operatório, dentro da sala pós anestésica por CINCO horas. Com monitoração cardíaca, numa maca estreita sem poder me mexer (nem mesmo os braços), ouvindo todos os apitos, vendo gente sair e entrar a todo momento, equipe de enfermagem comer pizza, baterem fotos para rede social, rirem, sentarem em cima de lixeira, e ainda eu ter de chamar porque o soro tinha acabado e não viram. Enquanto minha família ficou na recepção do hospital desesperada por notícia, pois NINGUÉM fora lá avisá-los que correu tudo bem. Precisaram acionar a ouvidoria da saúde, após isto o administrador do hospital (público)  foi dentro do centro cirúrgico saber de mim, e só assim me liberaram. Esperei duas horas, sentada na recepção, pelo procedimento, pois o centro cirúrgico estava lotado. Penso agora depois de ter ficado cinco horas: quantas pessoas esperavam também por vaga no centro cirúrgico enquanto eu era esquecida lá dentro?

Concordo que existem bons profissionais, que existem muitos que se esforçam, que trabalham em condições precárias. Mas falta gestão de  qualidade, não adianta conhecer leis, é preciso mais,  dá trabalho? Sim! Mas é necessário. Não se pode ficar investindo cada vez mais,  gastando cada vez mais, e  as condições de atendimento caindo mais ainda.


É preciso informatizar,  como já dito, os serviços serem sim, hierarquizados, mas integralizados, confluentes. Isto é possível fazer, basta querer!

Deixo aqui um vídeo do quadro Patrulha do Consumidor, do programa da Rede Record, Programa da Tarde, no qual Russomanno  fala  um pouco do caos na saúde e administração da mesma. Existe outros casos discutidos no programa, também sobre saúde, mas o  ponto que destaco está em no tempo de 49 minutos (podem ir direto). O programa foi do dia 24 de abril do ano corrente.


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