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terça-feira, 16 de abril de 2013

Funcionários psiquiátricos de Juiz de Fora



Alguns vão estranhar  o título deste texto, acreditarão que estou estereotipando profissionais que atuam na psiquiatria. Mas não se trata disto, estou apenas resumindo como os mesmos estão sendo tratados pela atual administração municipal e  pela cidade.

No passado, pessoas acometidas por transtornos psiquiátricos foram trancafiadas num sanatório, atualmente chamados de hospitais psiquiátricos (ou especializados), excluídos do meio social por determinarem (a sociedade dita “normal”) serem incapazes e perigosos.

 Atualmente essa concepção mudou, e nesse contexto surge a reforma psiquiátrica que em suma busca desospitalizar a pessoa acometida por transtorno mental, buscando resgatar a autonomia e potencialidades da mesma, e  visando um tratamento em serviços substitutivos junto à sociedade (centros de atenção psicossocial, residências terapêuticas, centros de convivência, etc.).

E ironicamente acontece algo semelhante aos profissionais que atuam ou atuaram em hospitais psiquiátricos na cidade. São estereotipados, tidos como incapazes e excluídos do mercado de trabalho. E o que é pior, estão sendo marginalizados e culpados por uma culpa que não lhes cabem. Dizer que tratavam mal  pacientes, ou deixar falarem isso é no mínimo inescrupuloso. E muito nos indigna vir de pessoas que  mantêm discursos de humanização, de cidadania, de responsabilidade para com o cidadão e qualquer outro discurso moderno clichê.

Tão ridículo quanto fazer o que estão fazendo com profissionais desses estabelecimentos de saúde é aplaudir a reforma psiquiátrica que se instalou na cidade. E quando digo isto, não estou sendo contra a proposta da reforma psiquiátrica, mas contra o processo que se estabeleceu na cidade, a sistematização, como ela  é executada.

Que os hospitais especializados não vingariam, todos já sabiam, desde que se aprovou a lei 10216 em 2001. Sabíamos que  forçariam o fechamento dos mesmos estrangulando  as receitas,  as tabelas, os repasses. E chegaria a um ponto que assistência de qualidade seria impossível. Mas preferiu-se ir empurrando com a barriga. Preferiu-se  omitir-se, dizer que  não era de responsabilidade de ninguém, que os empresários forçavam a barra. Tão fácil culpar o outro,  atribuir ao outro a responsabilidade, quando na verdade a responsabilidade é de todos nós.

Agora temos profissionais desempregados, endividados, e marginalizados pela própria gestão. Que por sua vez lavou sua mão para com eles, e  apenas  estabeleceu falsas promessas.  Sim pois quem vai acreditar em quem nunca fez nada para mudar o panorama que estamos vendo hoje? E não fez nada mesmo, nem discursou, talvez só reproduziu chavões.

Talvez essas mesmas pessoas que se pautam em promessas hoje, nunca  tiveram falta de arroz na panela, nunca ficaram devendo o bujão de gás que cozinha seu alimento, e nem ficaria em filas  para cadastro de currículos, pois  quem tem padrinho nunca morre pagão, principalmente se o padrinho for político influente.

É triste rever o discurso do prefeito Bruno Siqueira (PMDB) no seu último debate do segundo turno dizendo que o compromisso dele era com o cidadão juiz-forano. Hoje  me pergunto quem para ele é cidadão juiz forano, será somente os ocupantes dos cargos que ele nomeou, os famosos cabides de emprego? Pois  pacientes, profissionais, familiares, sociedade não é não.

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