Alguns
vão estranhar o título deste texto,
acreditarão que estou estereotipando profissionais que atuam na psiquiatria. Mas
não se trata disto, estou apenas resumindo como os mesmos estão sendo tratados
pela atual administração municipal e
pela cidade.
No
passado, pessoas acometidas por transtornos psiquiátricos foram trancafiadas
num sanatório, atualmente chamados de hospitais psiquiátricos (ou
especializados), excluídos do meio social por determinarem (a sociedade dita “normal”)
serem incapazes e perigosos.
Atualmente essa concepção mudou, e nesse contexto
surge a reforma psiquiátrica que em suma busca desospitalizar a pessoa
acometida por transtorno mental, buscando resgatar a autonomia e potencialidades
da mesma, e visando um tratamento em serviços
substitutivos junto à sociedade (centros de atenção psicossocial, residências
terapêuticas, centros de convivência, etc.).
E ironicamente
acontece algo semelhante aos profissionais que atuam ou atuaram em hospitais
psiquiátricos na cidade. São estereotipados, tidos como incapazes e excluídos
do mercado de trabalho. E o que é pior, estão sendo marginalizados e culpados
por uma culpa que não lhes cabem. Dizer que tratavam mal pacientes, ou deixar falarem isso é no mínimo
inescrupuloso. E muito nos indigna vir de pessoas que mantêm discursos de humanização, de
cidadania, de responsabilidade para com o cidadão e qualquer outro discurso
moderno clichê.
Tão
ridículo quanto fazer o que estão fazendo com profissionais desses estabelecimentos
de saúde é aplaudir a reforma psiquiátrica que se instalou na cidade. E quando
digo isto, não estou sendo contra a proposta da reforma psiquiátrica, mas
contra o processo que se estabeleceu na cidade, a sistematização, como ela é executada.
Que
os hospitais especializados não vingariam, todos já sabiam, desde que se
aprovou a lei 10216 em 2001. Sabíamos que
forçariam o fechamento dos mesmos estrangulando as receitas,
as tabelas, os repasses. E chegaria a um ponto que assistência de
qualidade seria impossível. Mas preferiu-se ir empurrando com a barriga.
Preferiu-se omitir-se, dizer que não era de responsabilidade de ninguém, que
os empresários forçavam a barra. Tão fácil culpar o outro, atribuir ao outro a responsabilidade, quando
na verdade a responsabilidade é de todos nós.
Agora
temos profissionais desempregados, endividados, e marginalizados pela própria
gestão. Que por sua vez lavou sua mão para com eles, e apenas
estabeleceu falsas promessas. Sim
pois quem vai acreditar em quem nunca fez nada para mudar o panorama que
estamos vendo hoje? E não fez nada mesmo, nem discursou, talvez só reproduziu
chavões.
Talvez
essas mesmas pessoas que se pautam em promessas hoje, nunca tiveram falta de arroz na panela, nunca
ficaram devendo o bujão de gás que cozinha seu alimento, e nem ficaria em
filas para cadastro de currículos,
pois quem tem padrinho nunca morre
pagão, principalmente se o padrinho for político influente.
É
triste rever o discurso do prefeito Bruno Siqueira (PMDB) no seu último debate
do segundo turno dizendo que o compromisso dele era com o cidadão juiz-forano.
Hoje me pergunto quem para ele é cidadão
juiz forano, será somente os ocupantes dos cargos que ele nomeou, os famosos
cabides de emprego? Pois pacientes, profissionais, familiares, sociedade não é não.
Nenhum comentário:
Postar um comentário