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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Tempo de Esperas


O meu post do dia fugirá um pouco da temática que sempre trago aqui: a política, para falar de literatura, vida, filosofia, Deus e o  momento de festas de final de ano que vivenciamos atualmente. Algo que também abrange minhas inquietações, embora ultimamente debata bem pouco a respeito.

Acabo de ler o livro de Padre Fábio de Melo, com o mesmo título – Tempo de Esperas – recomendo todos a lerem, não se trata de nenhum livro de apela religioso ou de auto ajuda, mas um livro que provoca uma reflexão  sobre nossos enfrentamentos com as mazelas da vida. Em outras palavras, como enfrentamos o sofrimento.

Muitas vezes temos a mania de desejar coisas a nossa maneira, nos frustramos, priorizamos o que não era para ser prioritário, tentamos esgotar tudo de quem amamos, nos decepcionamos e quando sofremos ainda atribuímos nossos erros, nossas fraquezas ao outro.

Ninguém nos deixa só senão nós mesmos, só vivemos na solidão quando nos ausentamos de nós mesmos. Por isso não adianta fazermos lista de desejos para o próximo ano, se não traçarmos metas, caminhos a serem seguidos. Não conseguiremos mais alegria se guardamos rancor, insatisfações dentro de nós. Não podemos  ter mais sucesso financeiro se continuamos com as mesmas práticas. E bem adianta desejar ao outro o que queremos para nós, a lei do retorno funciona  a partir do que plantamos em nosso jardim.

Se você deseja aos outros a felicidade e não faz nenhum esforço para  proporcionar ao outro felicidade,  você também só será capaz de almejar a si mesmo felicidade, sem conseguir alcançá-la.

E isso é bem comum em festas de final de ano,  lemos, ouvimos,  várias felicitações e poucas ações.  Quantos falam: “ que o próximo ano seja cheio de saúde”, mas continua na frente do computador   sem se exercitar, comendo na frente da tela, ou da TV, esquecendo-se até de beber água. O desejo de boa saúde, causa um sentimento bom, a favor de boa saúde, mas não assegura a mesma.

Também não adianta o desejo apenas para ser educado ou cumprir convenções sociais, isto é enganar-se a si mesmo, da mesma forma culpar o outro pela nossa solidão ou sofrimento. Ou ainda, esperar que o tempo cure tudo. O tempo nada mais é do que uma ordem cronológica. O que cura, o que ameniza, o que nos faz  esquecer, na verdade, somos nós mesmos a partir da nossa capacidade de adaptar-se a uma nova realidade.

Quando nos referimos à “só o tempo”, na verdade falamos do tempo de esperas, que não deve ser interpretado como um processo de estagnação, onde o meio externo agirá para nos auxiliar. O tempo de espera na verdade é o tempo de preparo, de mudanças para nos adaptarmos. Se quisermos flores no nosso jardim, o tempo de esperas é o tempo de ararmos a terra, adubarmos, plantarmos as sementes. É o tempo que cuidamos da plantação, da criação do nosso jardim.
  
O livro fala exatamente isso, para curar um sofrimento do “desamor”, e ainda atingir um status que nem sempre é  que cabe á pessoa, propuseram a este sofredor a construção de um jardim, mudar o foco do sofrimento para o auto conhecimento, reconhecer-se dentro da própria circunstância, e isto nada mais é do que se tornar  autor da própria história quer seja na dor ou na alegria, na felicidade ou no sofrimento, é adaptar-se ao meio, assumir seu real papel na vida e não atribuir nada a ninguém, apenas compartilhar, somar. Eis o grande desafio humano.

A época das festividades de final de ano nos proporciona exatamente isto. Natal nos remete ao pensar de nascimento, e aqui para não ficar extenso não me aprofundarei nas discussões  religiosas, e amparando-me apenas na simbologia do nascimento.

Nascimento não é apenas o surgir de uma nova vida, mais um ser humano, mas também o renascimento, o tempo de mudanças. Durante o todo o ano plantamos nossos jardins, colhemos,  ou vivemos  na estagnação a espera do “tempo nos curar”. No Natal nos é  oferecido a chance de nascermos, ressurgirmos, renascer... Para isto nos é dado de presente uma folha em branco, para arquitetarmos nosso jardim, escolher o terreno fértil para tal, escolhermos as sementes para colhermos as flores que queremos.

E o Reveillon sintetiza o marco de começarmos agirmos,  preenchendo a folha que nos foi dada, com a arquitetura, as metas, os caminhos e as nossas auto avaliações.  É o  tempo de esperas que nos é oferecido todo o ano. Cabe a nós entendermos isto, aceitar ou não.

É importante ainda lembrar que nesse tempo de esperas não nos cabe responder absolutamente nada, mas aprendermos a nos adaptarmos às dúvidas, as circunstâncias,  respostas  causa finitude de ações, já as dúvidas nos movem.

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