Hoje ao acordar ao passar pela cozinha ouvi no rádio velho de minha mãe, companheiro dela de tantas horas, em que eu ficava na cama sob terrível crise depressiva, que é dia de Santa Luzia. Pensei eu: dia de todos os brasileiros rezarem à santa para nunca ter problema de visão, pois deficientes sofrem duras penas num país em que a acessibilidade é tida como supérfluo e artigo de luxo, país em que uma deficiência é tida como incapacidade.
Se estivéssemos na contemporaneidade de Joseph Mengele, o mesmo que se refugiou no Brasil (país dos refugiados), como fez Franz Stangl (superintendente do programa T4 (primeiro comandante do campo de extermínio de Sobibór na época do Nazismo), certamente o médico colocaria os deficientes na fila da esquerda, pois eram menos válidos.
Também seriam selecionados para lista da esquerda, daqueles que poderiam ser gaseados e cremados os leitores e telespectadores de Folha de São Paulo, O globo, TV Globo - e acrescento a Veja, e todas as demais chamadas de PIG, ou ainda pertencentes à "ditabranda". Afinal são tidos como alienados e cegos, no raciocínio hitleriano: inválidos.
Talvez tidos como alienados e cegos por não ser curvarem ao grupo que quer sucatear a democracia, e querer impor a todos a sua vontade suprema. Mesmo que essa vontade seja sucumbir o poder de escolha do cidadão, e tentar exterminar aqueles outros alienados por não compartilharem da mesma falsidade ideológica que se quer impor.
Se a imprensa é tida como "ditabranda" por não concordar com o governo, não o defender, e até ser acusada, por manipular a opinião popular, então o utópico poder de tentar cercear meios de comunicação podemos chamar de que: "ditacruel" ou ditadura mesmo?
Bom se defender interesses, for tido como manipular opinião pública, e consequentemente algo insano, alienante. Tentar exterminar essa prática também é tida como defesa de interesses, opostos àqueles. Logo pode ser entendido como insano e alienante, também. Sendo assim todos para a fila da esquerda de Jospeh Mengele.
Tudo é um ciclo, não farei como os "dita qualquer coisa", não irei impor o meu interesse a todos, não vou desejar a todos um feliz dia de Santa Luzia, respeitando a opção religiosa de todos, mas farei uma oração à santa para que ela proteja as vistas de todos, deixe todos de olhos bem abertos, mesmo na cegueira, para que realmente, não só nos esqueçamos dos fatos, mas para que o observamos com toda a gama de racionalidade que precisamos.
p.s.: Programa T4: programa de eutanásia involuntária de Adolf Hitler, que mandou exterminar recém-nascidos e adultos "inválidos (deficientes, doentes mentais, os epiléticos, alcoólatras, etc)
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carta, texto de Pedro Gabriel, que circula hoje nas redes sociais.
Uma anti-efeméride sinistra
Em plena manhã deste dia de verão, quebro um pouco a harmonia estival para lembrar que hoje faz 44 anos da imposição ao país do AI-5, o Ato Institucional número 5, da ditadura militar. O édito foi assinado no Palácio Laranjeiras, pelo ditador Costa e Silva, outros generais, pelo coronel Jarbas Passarinho (Ministro do Trabalho, depois Ministro da Educação !), que pronunciou a frase “Às favas com os escrúpulos de consciência”, e também por civis ilustres, como o maior banqueiro da época, Magalhães Pinto, um Ministro da Saúde que era dono da Casa de Saúde Dr. Eiras (Leonel Miranda), um jurista emérito, Gama e Silva, que depois se encarregou de “emendar”, com outros juristas ilustres, a Constituição outorgada de 1967.
Anunciada com estrondo e apoiada pela imprensa (O Globo, TV Globo, Folha de São Paulo, a qual,
recentemente, disse em editorial que a ditadura brasileira foi uma “ditabranda”), a gravidade brutal da medida só foi entendida pelos homens e mulheres que, nos dias seguintes ao AI-5, em dezembro de 1968, chegavam pálidos às fábricas, universidades, colégios de segundo grau, escritórios, perguntando aturdidos: “alguém tem notícia de Fulano ? Beltrano também foi preso ?”. Daí em diante foram mais 20 anos de ditadura (militar, apoiada por civis poderosos), até chegarmos à Constituinte de 1988 e à Democracia.
Vocês podem dizer: isso foi há muito tempo, esqueçamos, não vai acontecer de novo. Está bem, mas não vamos esquecer - 13 de dezembro é uma anti-efeméride, um anti-aniversário- vamos lembrar, lembrar com nomes e datas, para que não aconteça de novo.
Longa vida à jovem e frágil democracia brasileira !
Bom dia e abraços cordiais a todas e todos.
Pedro Gabriel Godinho Delgado
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