Videos, fakes, blogs anônimos

Embora a lei eleitoral proíba o anonimato na campanha eleitoral na Internet, o que não falta é vídeos sem autoria, blogs anônimos e muitos fakes. E por mais que se divulga que a lei veta o anonimato, administradores de grupos, moderadores, insistem em permitir tal prática, talvez por números ou por necessidade.

Algumas pessoas se perguntam o que leva alguém a criar um fake, um canal anônimo, seja em qual rede social que for. Não é falta de coragem, pois muitos querem notoriedade, popularidade. Mas a verdade é que a maior parte dos fakes existe para esconder uma pessoa, não por falta de coragem, mas por dependência. Ou no popular, por “rabo preso”.

Vejamos a moda do momento: Rap doBruno. Um vídeo pequeno no qual aparece Bruno Siqueira em um discurso na campanha de Custódio.

Se repararem no vídeo Bruno está num discurso da coligação de Custódio falando de segundo turno de eleições passadas. Ora se estamos em campanha municipal, e Bruno no vídeo apóia Custódio, então é a campanha de 2008, na qual Bruno por ter sido relator da CPI do Bejani apoiou Custódio com permissão do partido, e falava da eleição de 2004, a qual em primeiro turno o PMDB apoiou Sebastião Helvécio.

Bem. quem na época guardaria o vídeo  para ser usado hoje contra Bruno Siqueira, sem nem ao menos cogitar que ele seria candidato? Bom  se fizermos busca na Internet só  encontramos o fragmento que passa no respectivo rap. O perfil que postou o rap só  pode ser um fake, foi criado apenas para esse propósito no primeiro dia deste mês. Há outra postagem com esse mesmo vídeo, e diz respeito é datada de inicio de julho, e foi postado por um militante petista.

 Bom, no vídeo fica claro (diante da apresentação da coligação) que se trata de vídeo de campanha segundo turno de 2008. Ninguém ficaria guardando esses vídeos, não guardaram nem o vídeo de 2011 no qual uma jornalista falava das obras de 2012... Só há duas formas de se conseguir legalmente esse vídeo: através do próprio PSDB, ou de algum meio de comunicação.

No site de campanha de Custódio Mattos, ao esclarecer sobre o vídeo, o mesmo acusa a candidata do PT – Margarida Salomão.  Diante disso podemos  pensar que  a imprensa está favorecendo a candidata  fornecendo material para  editarem de forma a deturpar a real história assim prejudicando um candidato. Ou há um acordo entre PT e PSDB, a ponto deste fornecer o material para aquele, que por sua vez fica quieto o resto dia a respeito do assunto, mesmo sendo acusado? Estranho.

Ainda sobre o vídeo do Rap do Bruno há algumas curiosidades e alguns furos de amadores... Aparece a mão masculina de uma pessoa negra, e ao final uma voz de locução, que pode estar codificada. E essa voz não é de amador, entendo pouco de voz e locução, mas a entonação que a voz faz é de alguém experiente. Dá ênfase em determinadas sílabas, etc. Um bom especialista pode chegar ao “dono da voz” sem muitas  buscas.

 Assim afirmo, foi feito com intuito de prejudicar Bruno, mas a ideia foi amadora por esses três dados: a mão, a voz e como conseguiram o vídeo.

O mesmo acontece com os fakes, que aqui eu já delimitei algumas questões: mesma qualidade e tipo de imagem compartilhada, amigos adicionados, curtidas, etc. o que faz com que não consigam manter um anonimato 100% (isso só por engenharia social, não considerando IP, já que por este ninguém é anônimo mesmo).

Outro dado bastante interessante ai aqui cito alguns blogs  anônimos que surgem a cada dia, é a forma como escrevem. Por mais correto que as pessoas escrevam, elas apresentam características peculiares, que as identificamos facilmente. Palavras que gostam de utilizar, palavras de um conteúdo cultural específico de determinada pessoa (lembram da palavra apócrifos usados para  adjetivar os panfletos anônimos?), assim como construção das idéias, forma de postagem nas redes sociais, horários,  locais de postagens, dinâmica  e comportamento dos fakes, os famosos cacoetes virtuais, e até nos conteúdos apresentados, ai nesses não tem como escapar. E isso não é analisado em um dia, em uma postagem, e mesmo que se policiem acontecem deslizes como no caso do vídeo.

Existem blogs que apresentam cópias de documentos, esses documentos podem ser a chave para se chegarem aos autores dos blogs. Dentre os blogs anônimos com temas relacionados  à Juiz de fora à um  que provavelmente virá a tona em breve, que possui um foco central em torno de uma pessoa ligada à prefeitura. Se lerem minuciosamente o mesmo perceberão palavras chaves, que não são de uso comum, cotidiano, termos específicos  e característicos, além  da formatação dos textos. Outro dado importante são as fontes de informação, que podem direcionar  para o lado que se tem de procurar. Há detalhes que a população “comum” não saberia. Com isto conclui-se que o(s) autore(s) do blog tem que acompanhar a política local, partidária e estar na prefeitura e CMJF, ou ter alguém lá dentro para informar os detalhes, nomes, etc.

Os textos  são radicais, sensacionalistas,  com um tom de ironia e revolta, algo meio “drash”, uma total falta de tato, de sensibilidade em equilíbrio com a razão... deixando as vezes parecer até meio homofóbico.

As imagens fornecidas também indicam coisas: a pessoa tem de ter o mínimo de conhecimento para fazer montagens. E tem de gostar de vídeos e saber buscá-los. Ou então certa intimidade com redes sociais para conseguir fazer a reunião de vídeos  que apresentam. Para isso é preciso alguns contatos chaves ou  freqüência em grupos, não necessitando ser ativos neles. E por ter criado um blog gosta de internet, mas não entende muito, pois deixou furos, como os aqui expostos.

Pelo tempo das informações, é gente que reúne material há algum tempo. Pode ser mais de uma pessoa.  Cada uma fazendo uma parte, porém quem tem a maior parte das informações certamente é quem redige os textos.  Pode ser a mesma que elabora as imagens. Quem tem as informações internas da prefeitura, pode não ser a mesma que tem as informações externas. 

Não é tarefa fácil se identificar isso, não se consegue da noite para o dia, e tão pouco quem não tem experiência e não frequenta os mundos virtuais e políticos da cidade. Pois não se trata de algo pontual, um impulso. É algo certamente programado, coordenado e há algum tempo. Talvez até anos. Talvez estejam esperando os resultados de pesquisas para lançar ou não o blog. Poderiam ter deixado-o fechado até decidirem publicar, mas deixá-lo aberto também pode ter sido uma jogada. E o próprio blog ser uma estratégia, não ser de quem leva a crer que seja, que se for tem mais informações sobre mais pessoas.

No entanto, o teor das informações, a forma como são apresentadas coincidem com uma movimentação que já vinha se formando na cidade  há um tempo, em movimentos sociais, nos corredores da prefeitura (CMJF, Secretarias, etc.), nas rodas de bares. Algo muito parecido com a primavera árabe, mas esbarraram num problema crônico de Juiz de Fora: o provincianismo mental. Ou seja, uma forma de pensar antiga, uma forma de agir, uma conduta quase que imposta que é a de não fazer nada porque amanhã pode vir a precisar, ou se fizer algo será perseguido.

Porém os fakes das redes sociais, os blogs, que aqui citei um , mas conheço pelo menos mais uns três do tipo, os perfis anônimos em Youtube, twitter, etc (salvo raros casos isolados) convergem todos para o mesmo movimento.  A organização é tamanha que mesmo aqueles que as vezes atuam de forma isolada, mas anonimamente, acabam por colaborar com ele, e a agirem de forma semelhante.

Parece filme de fixação. Sim! Mas se perder tempo, e começar a buscar as informações fornecidas pelos anônimos em sua gênese, seja lá onde for (blogs, redes sociais, sites, etc),  analisá-los minuciosamente conforme descrito anteriormente, assim como a dinâmica das redes sociais como um todo, consegue-se entender muitas coisas a partir do momentos que as "peças" se encaixam. Mas é preciso lembrar não é algo pontual.

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p.s: nem sempre quem divulga  é o criador, pois há técnicas também específicas para se divulgar e assim distrair a atenção  de onde surgem as coisas. 

p.s 1: muitas informações dos anônimos são  tendenciosas intencionalmente, eles têm endereço certo para atingir. Por isso as informações são manipuladas de forma a beneficiar um lado e prejudicar outro.