Há
alguns dias eu li um texto escrito por um professor universitário e
cientista político defendendo que o “novo” é um governo
municipal liderado pelo PT. Era de se esperar a defesa do autor pelo
PT, afinal o texto foi publicado em um blog de apoio do partido. E o
fez de forma louvável, e bem característica: atacando os
adversários. O intuito de exaltar a candidata Margarida Salomão se
fez presente desde o título, e ficou evidenciado quando o autor deu
ênfase somente dois maiores adversários da mesma, e simplesmente
ignorando os demais candidatos com poucas chances de se eleger.
O
texto faz uma reflexão se Bruno Siqueira realmente representa o
novo. E conclui que não, pois ele representa o conservadorismo, os
traços arcaicos do comportamento de boa parte da elite política
brasileira. O autor ainda acrescenta dois outros aspectos em relação
o Bruno: o discurso “vago e oco” do candidato e a sua “traição”
ao PMDB ao apoiar o PSDB em 2008, e não o PT conforme decisão
partidária.
Sobre
Custódio preferiu afirmar que não é o novo devido a uma reeleição
e porque as propostas e ações realizadas já eram esperadas e
necessárias.
O
objetivo de defender a candidatura, e pedir votos para o PT é
atingido com louvor. Porém, simplesmente se restringiu a apontar
“falhas”, e não considerou o potencial dos candidatos. Buscou
personificar o voto dentro do discurso do novo, e hoje diante do
resultado da pesquisa Ibope percebemos que vazio é o discurso e
campanha envolvendo a defesa do novo.
Como
o autor preferiu se restringir em três candidatos, farei minha
contra argumentação com esses três. Apenas por isso não citarei
os demais.
Começando
pela candidata e partido defendidos pelo professor, que afirma que o
novo é referente a um “projeto novo e uma coalizão sólida para
sustentá-lo”, eu pergunto: Onde está o novo? Considerando que
novidade é algo ultrapassado ou que cause surpresa ao portador,
Margarida definitivamente não representa o novo, uma vez que já
esteve na gestão do Tarcísio, que pro sua vez apoia Margarida, e se
esta vir a ganhar este estará ao lado dela, conforme ela já esteve
ao lado dele. Além disso da mesma forma que Bruno apoiou Bruno,
Margarida um dia já apoiou o PSDB, uma vez que já foi do PPS e
todos sabem ao lado de quem o PPS (partido do então Secretário
Estadual de Saúde) esteve. Pelo lado do PT este não tem um projeto
novo e tão pouco uma coalizão para sustentá-lo vide o exemplo a
nível nacional; privatizações, mensalão, greves de várias
categorias profissionais. Se assemelhando bastante ao governo que
apresentam de FHC.
Se
pensarmos o novo como experiência política e administrativa, as
quais o texto afirma que Bruno não tem, a ponto de ancorar-se em
governos antigos, o que falar desse apoio recebido de Tarcísio? E
venhamos se ela tivesse mesmo boa experiência política e
administrativa o PPS a deixaria migrar para o PT? Ou o próprio
partido da mesma deixaria de convidá-la para participar e atuar em
alguma pasta a nível nacional, considerando inclusive que foi
candidata a deputada?
Com
relação a Custódio, se ele realmente não tem nada de novo, então
PT também não tem projeto novo, pois as propostas que vem
apresentando são apenas promessas de implantação de programas já
existentes, estudo, colaborações. Nada de novidade propriamente
dita, nada que cause surpresa ou seja ultrapassado ao eleitor, tudo
que é necessário para um bom desenvolvimento e crescimento da
cidade. E por falar em programas já existentes, se o discurso de
Bruno é vago e oco, de Margarida é mentiroso, uma vez que promete
implantar programas já existentes no município (consultório de
rua, informatização na marcação de consultas e assistência,
criar programa de “de volta pra casa”, e Escola de Redutores de
Danos). Se considerarmos mentira como uma declaração falsa, então
o discurso da petista é falso pois não se pode recriar programas já
implantados, apenas reorganizar, reestruturar.
Sobre
a “traição” de Bruno para com o PMDB, eu confesso que me causa
estranheza essa colocação de um cientista político, pelo simples
fato de fragmentar um contexto e só apresentar uma versão que
desfavoreça o candidato. Ora será que foi traição mesmo o apoio
de Bruno à Custódio?
O
estatuto do PMDB em seu nono artigo, item III dispõe que é dever do
filiado “manter a conduta ética, pessoal e profissional com as
responsabilidades partidárias, particularmente no exercício do
mandato eletivo e de função pública”. Além disso há o artigo
10º, item X do Código de Ética do respectivo partido que enfatiza
que “atividade
política contrária ao regime democrático ou aos interesses do
Partido” constituem infrações éticas dos filiados do PMDB. Com
base nisso, e sabendo que Bruno tinha já intenção de se candidatar
o deixariam no Partido? Dificilmente.
Logo
não houve traição, certamente Bruno apresentou seus argumentos,
por motivos éticos e de consciência seu apoio à Custódio, pelo
fato de ter sido relator da CPI “formada
na Câmara Municipal para investigar a liberação irregular do Fundo
de Participação dos Municípios – com suspeita de desvio de
recursos públicos e enriquecimento ilícito do prefeito Alberto
Bejani. A CPI opinou pelo indiciamento de Bejani.” (site da CMJF).
Seria coerente Bruno apoiar Margarida Salomão como o partido, tendo
Bejani no mesmo palanque?
O
então legislador pode ter se baseado no parágrafo 2º do Art. 47º
do Estatuto que permite que parlamentares por motivos de consciência
ter posição diversa dos demais , no caso o partido, desde que
comunicado e posto a apreciação do partido. Embora o artigo e item
trate de fechamento de questão, pode ser utilizado para casos
excepcionais e debatido ao partido.
Estando
isto explicado vale ainda destacar que, hoje o PT critica essa
postura de Bruno, mas aceita essa mesma postura por pessoas do
partido, que mesmo o PMDB tendo candidato próprio decidiram apoiar
Margarida Salomão, e apenas um - Tarcísio Delgado – se
desfiliou, os demais não. E ai é normal, é ético? Sem contar que
quando é em relação aos 35 dissidentes que hoje apoiam Bruno, o
ato é tardio, impensado, anti ético e até de infidelidade
partidária, como alguns colocam nas redes sociais.
Esse
discurso só comprova que a tentativa não é analisar e avaliar os
adversários de forma racional, mas de forma a prejudicá-los de
alguma forma e beneficiar o Partido dos Trabalhadores. Lamentável.
Assim
concluo analisando que se Custódio e Bruno não representam o novo,
não é Margarida que representa. O PT à frente da prefeitura de
Juiz de Fora é no máximo ineditismo, nada além disto.
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A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR:
Se Bruno é tão inexperiente, tão ruim no discurso, e todos os outros desméritos que o atribuem, será que teria tão expressiva votação enquanto vereador e deputado estadual? Será que seria homenageado em dezembro de 2008 com a medalha JK pela UFJF, se não tem representação nenhuma, e vive ancorado no passado e antigas lideranças, e com isso apoiado Custódio?
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A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR:
Se Bruno é tão inexperiente, tão ruim no discurso, e todos os outros desméritos que o atribuem, será que teria tão expressiva votação enquanto vereador e deputado estadual? Será que seria homenageado em dezembro de 2008 com a medalha JK pela UFJF, se não tem representação nenhuma, e vive ancorado no passado e antigas lideranças, e com isso apoiado Custódio?
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