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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Tome seu desjejum adequadamente!



Hoje não faz sol, mesmo assim acordei cedo, e logo me encaminhei para o café da manhã a beira mar. Já haviam algumas pessoas por lá... alguns poucos franceses e um indiano.

Peguei chocolate quente, pão de queijo, polenguinho, pão com manteiga, e me sentei numa mesa sozinha... Contemplando o mar... Um dos franceses perguntou se poderia se sentar, percebi que ele havia saído da mesa ao lado e passado pra minha, apenas balancei a cabeça... Não era mal humor, é não saber falar a resposta no idioma dele.

Ele então abriu largo sorriso e me abraçou com empolgado “BONJOUR!”

Retribui, mas sinceramente estranhei tal ato. Esse rapaz de 22 anos chegou ontem a noite, já estávamos no gamão, ele apenas observou. É uma figura excêntrica. Veste roupas largas, óculos de aros grossos cabelo desalinhado vive com um grosso livro nas mãos e descalço.

Diz o mesmo que quer aprender o português, que de certa forma, e até certa medida inveja os brasileiros. Muita coisa é dita com ajuda de dicionário ou com desenhos (todos aqui usam blocos e canetas o tempo todo).

Após o abraço passamos alguns minutos apenas comento e observando o vai e vem das ondas – uma paisagem hipnotizante e tranquilizadora. Mas ele quebrou o silêncio, me perguntando onde estava meu cereal. Depois de esforços de ambos para entender e ser entendido. Eu disse que não tinha pego cereal.

Expliquei que não tinha costume de comer cereal. Ele então recolheu todo meu café da manhã e com um gesto das mãos pediu-me que esperasse. Confesso que apesar da situação inusitada, minha ira começou a dar sinal de vida. Porém aguardei.

Ele voltou com um copo de suco, frutas uma tigela de cereal com leite. Disse-me que tinha de comer aquilo primeiro, ao invés de carboidrato e cálcio apenas. Protelei comer aquilo tudo, mas ele insistia, fez o mesmo com o indiano que ali se sentara com a gente.

Quando terminei de comer tudo, ele se levantou, buscou pão, queijo, uma mistura de café com chocolate em pó. Disse que agora eu poderia comer aquilo. Eu já estava satisfeita, mas ele insistiu, comecei a comer para ver onde aquilo ia dar.

Pensei que a saga do café da manhã havia terminado, ele levantou-se, buscou mais alimentos para ele e o indiano, e duas fatias de presunto para mim, e apesar do esforço entendi que depois de tudo vem a proteína.

Como não aguentava comer mais nada ia me levantando, ele então me segurou pelo braço, fazendo gesto para eu me sentar novamente, e contemplar a paisagem.

Ali se iniciou uma conversa ( se é que gestos e busca em dicionários pode-se chamar de conversa). Ele então disse que brasileiro não é feliz porque não deposita sua fé em si mesmo, mas no desejo do outro, na opinião do outro.

Eu apenas escutava, e perguntava quando não entendia algo. Quando ouvi o conteúdo do que ele dizia, perguntei se podia anotar, eis aqui algumas observações para refletirmos:

Ø Brasileiro leva mais tempo se arrumando do que tomando o desjejum;
Ø Come mal: rápido e errado;
Ø A refeição mais importante é o desjejum (café da manhã), é o início, é onde você precisa oferecer todos os nutrientes ao seu organismo para trabalhar durante todo o dia. Principalmente o intestino e os rins. Por isso água, fibra e vitaminas devem vir primeiro. Depois alimentos energéticos.
(o indiano completou que o início é a peça fundamental da vida, de todas as etapas que passamos em qualquer situação é o início o mais importante);
Ø O início do dia é fundamental para as demais horas, então nele deve conter os ingredientes básicos para o dia, alimentação, equilíbrio, e tudo o mais que precisará ( cultura, conhecimentos, etc.). deve-se ler, meditar, comer bem, armar-se enquanto pessoa pela manhã. A noite é dia de reflexão e não meditação.
Ø A reflexão e meditação nos ajudam na leitura da vida.
Ø Mastigue! Triture o alimento, ajude a natureza do organismo. Sinta o alimento, acabe com o alimento;
Ø Não retire a casca das frutas, coma-as e despreze as cascas depois, ou enquanto come. Se tirar antes de comer você retira a energia das frutas, da natureza, além de perder muitos nutrientes. (ele explicou isso comendo uma banana, ia retirando a casca conforme mordia, enquanto mastigava, a banana na sua mão ficava com casca, e só retirava da porção que iria morder - o abacaxi aqui é cortado em rodelas com casca, não retiram as cascas, comemos como melão);
Ø Não se deve usar facas para comer frutas, quando necessário apenas para cortá-las, como melancia, abacaxi, etc. para comer deve-se usar as mãos. Nada de pegar com garfo ou facas. Isso é formalismo social, e perde-se energia da natureza. Para cortar a porção de frutas que se deseja, deve-se usar facas de cobre, aço. Tudo natural, nada muito industrializado.
Isso foi um pouquinho do que consegui pegar. Pois a comunicação em idiomas diferentes, ou tentativa de mesma língua dificulta muito. Mas já deu pra perceber que esse rapaz vai longe, é um sábio ( dizem ser comum na França – definitivamente estou no lugar errado!).
Depois vim a saber que esse rapaz é um super dotado, e formou-se no final do ano passado em medicina, e especializa-se em medicina holística.

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