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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Carnaval: o bloco da dengue não empolgou



Na última semana Juiz de Fora recebeu uma chuva de informações sobre a prevenção da dengue na cidade. Jornais, televisão, rádios e até rede social fizeram uma divulgação digna de Fenômeno, sobre a megaoperação contra a doença que se iniciava na cidade.

Com vários casos da doença já confirmados, Juiz de Fora colocou o bloco na rua com direito a música estilo marchinha de carnaval. No entanto, o bloco passou e não empolgou, talvez estivessem comovidos e abalados com a notícia da aposentadoria precoce de Ronaldo. Ouvia-se apenas uma pequena movimentação na rua, proveniente de um carro de som, nada mais do que isso, e nada que chamasse tanta atenção, já que carro de som com as mais diversas propagandas é comum no Bairro de Benfica (local escolhido para a primeira visita da megaoperação)

Apesar do comunicado, via twitter, pelo presidente da Câmara Municipal, que foram recolhidos quatro caminhões de lixo (entulho). O cenário das ruas de Benfica hoje pela manhã era desalentador: garrafas de água, copos plásticos, sacolinhas plásticas pelos cantos das ruas e calçadas. Nem parecia que ali horas antes havia passado um bloco contra a dengue. Será que eles não viram aqueles objetos (lixos) ali?

Não havia um panfleto informativo, um vestígio do “evento”. Se não fosse pelas fotos postadas na rede social, quem não foi às ruas para ver o bloco passar, ficaria sem saber de nada. Ora para um leigo isso passa sem nenhum problema, mas eu enquanto profissional da saúde, uma pessoa que se interessa por questões de interesse público, principalmente ligadas à saúde, fiquei indignada?

Como podem programar ações para serem realizadas num domingo? Dia em que as ruas estão vazias, muitas pessoas saem. Se o problema é conscientizar a população, como o Secretário de Saúde da cidade fez questão de frisar para o Jornal Tribuna de Minas em 12/02/2011, nãos era num dia de ruas vazias, e sem bater de porta em porta.

Esse bloco não emplacou mesmo, acredito que quem precisa de conscientização, para não falar aprender, são os organizadores da manifestação, pois se não souberam organizar tal evento, será que possuem condições para informar e conscientizar a população sobre a prevenção da dengue?

Enquanto a pergunta não é respondida, ficamos no aguardo da megaoperação que a prefeitura realizará a partir do dia dezenove deste mesmo mês. Tomara que desta vez o bloco vire realmente uma escola.

Fonte das fotos: http://twitpic.com/3zhzl7

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Ainda sobre a dengue em Juiz de Fora

Segundo a reportagem da Tribuna de Minas em 12/02/2004, o maior problema de Juiz de Fora quanto a prevenção da dengue se insere no fato da falta de conscientização da população da cidade que embora saiba como se prevenir não o faz.

A ênfase da megaoperação contra a doença na cidade será a varredura de imóveis e recolhimento de entulho que possivelmente possa estar em lotes vazios, ou até mesmo nas moradias. Para isto contará com o apoio de ônibus, caminhões de lixo, vans, e ambulâncias (para que mesmo ambulância?). O gasto será de em torno de quinhentos mil para confecção de material de informação, equipamentos e gratificação de funcionários.

Juiz de Fora hoje (em 14/02/2011) conta apenas com UMA ambulância do SAMU para atender toda a cidade*, será que essa ambulância que ficará a disposição para a campanha ou será outra? Bom vale lembrar que dengue mata, mas se o sistema SAMU tivesse funcionando como deve, não precisaria deslocar uma ambulância somente para fins de campanha, no caso de necessidade bastava acionar o sistema de remoção de pacientes (mas eles devem saber da dificuldade de conseguir uma ambulância para remoção na cidade e não querem fazer feio NE?). Se a justificativa fosse necessidade de exame, bastava o posto de saúde do bairro visitado pela megaoperação estar aberto, realizar-se-ia a coleta de material no mesmo e um carro da prefeitura encaminhar o material ao laboratório. Só remover casos de real necessidade, para isto um profissional capacitado para avaliação estaria acompanhando o comboio.

Observações de organização e caos a parte, voltemos para o foco da campanha.

Concordo que a população não colabora muitas vezes, mas outras tantas ficam sem opção, se andarmos pelas ruas do bairro Benfica, não encontramos lixeiras. Os menos conscientes, ou que os não querem ficar carregando lixo, acabam por encontrar no chão a solução do problema. A linha férrea na altura entre o Jóquei Clube e Benfica, virou deposito de lixo, em frente a IMBEL, existe um vaso sanitário (ótimo local para criadouro). Neste mesmo percurso, porém nos pontos de ônibus da Avenida Juscelino Kubistchek, é possível ver a quantidade inestimável de caixinhas de leite, achocolatado, sucos, garrafinhas e copos de água, e sem uma lixeira no local.

Bom, em resumo, se a população não tem conscientização sobre os perigos da dengue, não será informativo de papel que resolverá o problema, pois falta lixeira, falta um serviço de recolhimento de entulho (como o vaso sanitário) gratuito (o DEMLURB não leva), falta varredura das ruas, falta segurança e principalmente confiança.




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