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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O papel do enfermeiro na atenção básica à saúde mental


Muitos enfermeiros ao lerem meu livro Integralidade e saúde mental me questionam qual o papel do enfermeiro na atenção básica em saúde mental?

Alguns tentam fazer com que eu enumere uma série de atividades que possam ser desenvolvidas pelo enfermeiro, querem uma espécie de roteiro para atendimentos de doentes mentais na atenção básica.

Primeiro é preciso enfatizar que o livro não tem o objetivo de delimitar nenhuma função de qualquer profissional na atenção básica, apenas faz uma crítica a implementação da reforma psiquiátrica mostrando o despreparo de profissionais deste nível de atenção à saúde para detectar novos casos e dar continuidade a um tratamento, com ênfase em pacientes acometidos por transtorno mental dito grave.

Porém se formos pensar no tema proposto por alguns, também não nos cabe enumerar nenhuma atividade. Primeiro porque enfermeiro não tem papel, não se trata de um personagem, e sim de um profissional que junto com outros constroem e constituem um nível de atenção. Segundo porque não existem práticas específicas para atenção à saúde mental, o que há é o uso de todo conhecimento adquirido ao longo da vida e não só da universidade, que por sua vez só nos dá o ponta é inicial, o restante somos nós que fazemos.

A orientação que dou é utilizar toda gama de conhecimento que se adquire e ampliar o campo de visão, isto é, deixar de pensar em atenção à saúde mental na atenção básica de forma fragmentada, a saúde mental se insere em vários contextos, não só de doenças psiquiátricas, como de outras, como em prevenção à grupo e pessoas em situação de risco para tal, dentre outras.

É impossível pensarmos atenção básica como sendo algo primário, generalista, mas que atua de forma especializada, grupo de saúde da mulher, grupo de obesos, grupo de idosos, de adolescentes, de crianças, hipertensos, etc. A promoção e orientações para saúde servem para todos, não só a um grupo específico. A meu ver é incoerente reunião, por exemplo, de saúde mental sem envolver pessoas não acometidas. Afinal quando é que uma pessoa até então não enferma vai saber o que é um problema gerado ou não por uma doença psiquiátrica. Assim como é incoerente uma educação para a saúde apenas com hipertensos: e os familiares deste? E as pessoas com sobrepeso que são grupo de risco?

Ai, pergunto como desenvolver a saúde coletiva de forma individualizada? Mas sempre há alguém que me questiona então para que o governo separe e indica que se faça esses grupos? A meu ver o governo atua de forma equivocada, mas nem tudo está perdido. Pode-se utilizar todos os instrumentos e informações fornecidas pelo governo, mas apenas para fins burocráticos e estatísticos.

Burocráticos apenas para delimitar a especificifidade , necessidade principal de determinada área adstrita e para prestar contas, e estatístico para delimitar as ações a serem desenvolvidas, além de controle de gastos.

Por exemplo, como eu vou fazer um pedido de medicamento, ou provar que preciso de mais do que me enviam, se eu não sei o numero de pessoas com hipertensão na área de cobertura de determinada UBS? Ou então solicitar junto à secretaria treinamento em saúde mental se não sei quantos pacientes ou grupos de riscos tenho na área adstrita?

Obviamente que haverá um determinado momento que haverá um atendimento individualizado, em que se faz necessário um conhecimento, mas nada específico. Assim o conhecimento adquirido ao longo da faculdade, aliado á prática e reflexão ( o pensar e fazer), são os elementos essenciais e aliados na prática da atenção básica quer seja para saúde mental, ou qualquer outra especialidade, afinal o atendimento será uniforme, generalista e integralizado, além disso, não é mais demanda da atenção básica, mas de demais níveis de atenção à saúde.

Um comentário:

angelavaz7 disse...

As vezes me assustam quando chega papeis e mais papeis e lançãm muito das vezes nas nas unidade sendo engolindo ...sem a menos questionar se dar conta atende aquela unidade!!!