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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Interpretação

Se me pedissem para destacar uma palavra que sintetizasse o país vive, certamente, eu escolheria INTERPRETAÇÃO.

Sempre imaginei que as aulas de língua portuguesa serviam apenas para ensinar a ler e escrever corretamente, mas hoje percebo que além disso existe uma função muito mais importante: a interpretação.

Pode soar estranho a alguns dizer sobre língua portuguesa para relatar problemas de saúde. Mas é esta disciplina que pode nos despertar para a gama de variedades de interpretação, é a mesma que nos possibilita refletir sobre significados, que na área da saúde pode gerar conflitos que levam problemas sérios como o que assistimos em nosso dia-a-dia.

Iniciando pelas cadeiras acadêmicas percebemos uma leve incoerência: enquanto as políticas de saúde direcionam todo um sistema para a saúde coletiva, com ênfase na equipe multiprofissional, as universidades ainda tendem a fragmentar esse discurso e aplicar as aulas de políticas de saúde de forma individualizada a cada carreira.

Outra questão com relação a essa separação é com relação a equipe: se diz que o indivíduo tem de ser visto em sua totalidade, de forma integralizada por uma equipe multiprofissional. Ora o termo multi significa variedade, sem a necessidade de ligação entre mos profissionais, então o individuo não estará sendo atendido de forma integral e sim fragmentada, cada profissional com sua responsabilidade ( o que é correto), mas sem estar inserido no conjunto, ou seja, interligando as ações. O correto seria interdisciplinar.

O saber de cada profissão agora se restringe em papéis e funções. Não se importa o que sabe, e sim delimita-se função papel. A pesquisa limita-se a descobrir sobre diagnósticos novas tecnologias laboratoriais ou novas drogas: a investigação social fica por parte do governo ou órgãos de estatísticas, ou ainda a quem se interessar, curiosos, quem não tem o que fazer, jornalistas, sensacionalistas, ou partidos políticos em época de eleição.

A integralidade, no sentido da lei, e não de forma amplificada, só acontece de forma crescente, ou seja do nível primário de atenção à saúde na direção do terciário, e se restringiu em papéis grampeados, além disso não se conhece outra forma.

O cuidar limita-se a preocupação direta ao paciente. Verificar a rotina de um serviço, o desperdício, ou uma mera estatística, não se reconhece como cuidar.

É triste, mas não precisa ser Kardec para dizer que nada existe ao acaso, se a língua portuguesa não existe apenas para ensinar e ler e escrever, outras disciplinas também não existem apenas para preencher carga horária, assim como o profissional de saúde não existe apenas para a cura, ou para desenvolver ações que o levem a status mais elevados e ganhos extraordinários.

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