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domingo, 5 de julho de 2009

Morre um ídolo, nascem inúmeras reflexões


Há uma semana perdemos o rei do Pop, dentre todas as especulações feitas por fãs e imprensa a que mais me desperta interesse é a que questiona o motivo da morte. Diferentemente de muitos que apenas querem conhecer a causa mortis, como justificativa para a perda do astro, do ídolo, ou familiar, esta causa nos remete a reflexão dos padrões de beleza imposto por uma sociedade, e até familiares, do uso e abuso de droga – seja lícita ou não.
É inexorável a busca incessante por beleza, por bens, vivemos na selva capitalista de leões, na qual a vaidade prevalece, muitos fazem suas escolhas pensando no que o outro tem, ou vai achar. Alguns com condições para atender à própria vaidade outros nem tantos. No entanto os primeiros chegam a um patamar de não ter vontade própria, ou esgotamento dessa vaidade já que os desejos são sempre alcançados. Já os outros ficam na angustia de não conseguirem atender a própria vaidade comandada por um padrão imposto pela sociedade. Porém para ambos os lados vem a única saída: o uso e abuso de droga.

A droga age como anestésico contra as dores da alma e da vaidade, quer esteja saturada ou em déficit de atenção ( de ser atendida). Talvez essas dores não sejam apenas as dores da alma, do ego, mas do mundo. Pois o mundo, a sociedade tal como ela se apresenta e cobra de cada um de nós, se torna a grande vilã , como se fosse uma voz alucinógena que nos fala ao pé do ouvido a todo momento instigando nossa vaidade.

Daí pode vir a questão de uns suportarem a pressão e outros não: por que uns encontram saída nas drogas e outros agüentam o fardo das pressões sofridas, ou até mesmo lidam com os padrões de forma satisfatória. Ora somos seres diferentes, com formação moral, ética, mental, cultural e orgânica diferentes. Há formas diferentes de enfrentamento da realidade mediante nossa vivência.

O que não se pode afirmar mais é que fatores econômicos justificam o uso e abuso. Enquanto uns usam para suprir necessidades não alcançadas, outros usam pela busca do novo, do algo diferente, por conseguirem suprir toda a própria vaidade.

O problema das drogas envolve uma série de coisas, como problemas familiares, de segurança, de saúde, que nem mesmo a arte consegue resolver. Quantos artistas ( não só atores e cantores) se veem envolvidos com drogas de forma a amenizar o sofrimento ou mudar sua realidade.
Sem dúvida a arte é uma forma de se expressar, uma possibilidade de expressar aquilo que temos mais reprimido dentro do nosso “eu”, porém não é em nenhuma hipótese a solução para resolver o problema das drogas. As oportunidades do meio artístico são poucas, nem todos conseguem um lugar ao sol, e uma não oportunidade pode levar a um déficit na vaidade e assim levando o indivíduo novamente buscar um anestésico para essa frustração.

Por outro lado aqueles que conseguem a tal oportunidade passam a ser cobrados cada vez mais, quer seja no sentido de responsabilidade social, e até mesmo ter sua vida exposta como uma obra de arte em um museu, se tornando alvo de críticas, e objeto de referência para padrões de beleza e modismo que será imposto à sociedade em geral.

Sendo assim o problema das drogas, não é um problema apenas de saúde pública, mas social envolvendo todas as entranhas sociais, desde valores morais, éticos, religiosos, até fatores físicos e psicológicos.

Ter resultados no combate às drogas vai alem de políticas de segurança contra narcotráfico e além de possibilidades tratamento em clínicas especializadas ou serviços substitutivos, continuaremos com o problema sempre vigente. Personalidades, ídolos morrendo e seus seguidores reproduzindo a mesma cena na busca incessante de “equilibrar” a própria vaidade.

Um comentário:

Sérgio Araújo disse...

Lilian,

Muito boa a sua reflexão sobre o comportamento humano e a necessidade de alguns por "paraísos artificiais" que lhes permitam suportar uma existência sem valores e interesses que os humanizem.
É a vida fetichizada pelas relações de de uma sociedade onde tudo é mercadoria. Inclusive a vida humana.

Abraço.