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terça-feira, 2 de setembro de 2008

Reforma Psiquiátrica


Realmente é caótica a situação da saúde mental não só no Município de Juiz de Fora, o qual também sou. Porém em todo o país. O descaso é generalizado, os discursos enfadonhos chegam a dar náuseas.

A reforma psiquiátrica infelizmente não chegou a todos os cantos, alguns projetos isolados dão certo, mas a MEU ver por pura sorte, uma vez que o sistema de saúde pública do país é falho. Não se desenvolve os princípios do SUS - que são básicos e não depende de nenhum incentivo financeiro.

Por outro lado Existe uma questão muito relevante: a própria reforma psiquiátrica em si, principalmente após a lei 10.216/2001 ( autoria do então deputado federal Paulo Delgado): à um movimento pela reforma, há a desinstitucionalização, mas não há o restante do aparato para dar suporte a essas práticas, e me refiro não só no campo da saúde mental, pois não depende só de mais construção de CAPS. Mas de um sistema de saúde pública e coletiva funcionante. Em nada adianta termos a desinstitucionalização de um paciente, ele freqüentar CAPS mas a família não é assistida em sua TOTALIDADE. o meio social ao qual se insere o paciente - que não é só CAPS, vai da família, passando pelo posto de saúde, vizinhos e até motorista de ônibus. Essa lacuna ocasiona uma escravidão mental muito maior do que a exclusão dentro de um hospital psiquiátrico.

O paciente recebe "em liberdade" todo um peso de rejeição, preconceito, exclusão. A escravidão menta, a pressão psicológica, etc. é muito pior do que a dor de um mau trato físico.

Não estou falando isso defendendo os hospitais psiquiátricos, mas pra fazer uma reflexão em que moldes a reforma psiquiátrica se dá. Lembra-se da saúde mental, se esquece do restante do conceito de saúde ( bem estar físico, psíquico e social). A sociedade ainda permanece com o velho estigma da doença mental, o individuo acometido por algum transtorno mental é visto como incapaz, perigoso, violento, etc.

Dessa forma não adianta pedirmos mais serviços substitutivos, se a velha concepção da sociedade continuar a mesma. Isso fará com que continue a distância entre saúde mental e sociedade, o que gera impactos ao individuo acometido por transtorno mental, por motivos anteriormente citados 9 exclusão, falta de oportunidade etc).

Nesse pressuposto surge a seguinte questão: Qual seria a solução para a saúde mental?
Não existem fórmulas corretas, tão receitas prontas. Cada lugar teria que pesquisar sobre sua especificidade e criar alternativas de escape a partir dos dados apresentados. Uma alternativa que poderia auxiliar a todos seria uma atuação dos serviços de saúde mental do nível secundário e terciário juntamente ao primário, ou seja, fazer vale o princípio da integralidade.
O Programa Saúde da Família tem competência e condições para atuar junto às famílias dos doentes mentais e junto a sociedade ( igrejas, empresas, escolas, clubes, etc.) possibilitando um retorno ao meio social com menos impacto para o indivíduo em tratamento psiquiátrico.

A promoção da saúde seria minimizar os riscos de agravo ( no caso ocorrência de crises) e criando alternativas de convivência, trabalho, etc.

É importante lembrar que a doença mental não invalida o indivíduo, pode acontecer incapacidade para algumas atividades, mas não para todas, é possível praticar esporte, nas artes e na cultura como um todo. Eis exemplos como Van Gogh, Renato Russo, Ulisses Guimarães, John Nash.

Em resumo, acredito ser a Integralidade a chave do sucesso não só para a reforma psiquiátrica, mas para a reforma de TODA a saúde do país.

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