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domingo, 27 de abril de 2008

Ser para



Por algum período eu sonhava em humanizar os hospitais. Depois descobri que hospital não é lugar para ser humano. Sendo assim incoerente querer humanizar algo que é feito para a temporalidade do ser humano.
Passado a fase de incoerência eu busquei humanizar as pessoas. Atribuir uma característica a alguém, a qual provem a própria característica? Mais incoerente ainda. Acredito que busquei na verdade a compreensão do ser humano para as coisas mundanas reais. Nada de amor ao próximo, tão pouco diálogos enfadonhos enraizados em eufemismos.
Hoje já tenho um sonho diferente. Não quero humanizar lugares, e já reconheço cada indivíduo como ser humano. Descobri que o que busco é o ser através do outro e não para o outro. Tenho a ilusão da compreensão do ser humano para as coisas mundanas, para as cenas e situações do cotidiano.
Eu sonho em “filosofar” o ser humano. Falta filosofia nas pessoas, não filosofia de vida, mas de mente, de conhecimento, a filosofia no sentido intrínseco da palavra. Faltam as pessoas compreenderem as relações, as conseqüências dessas relações, praticar mais eticamente a aventura do viver.
Viver sem filosofia me custou muito. Mas foi bom, hoje posso falar com propriedade de causa o vácuo que é a vida sem filosofia. Não filosofias de botequim, ou cultura filosófica sobre os grandes pensadores, mas a dinâmica da existência humana com toda a sua efemeridade.
Também querer que todos busquem a sua filosofia, entenda mais, compreenda mais sobre a existência é querer muito. Querer impor uma postura às pessoas é irracional. Não somos de ninguém e ninguém é nosso, somos para alguém, assim como alguém é para a gente.
Talvez esse seja o real sentido da compreensão que eu precisava e tantos outros precisam ainda.

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