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domingo, 27 de abril de 2008

Exemplificando o ser para o outro



No texto anterior falei do ser para, aqui vou falar de como ser para o outro, ao invés de ser do outro.
Confuso? Então vamos explicar. Em uma relação seja ela amorosa, social ou profissional as pessoas acreditam que são amantes de alguém, amigos de alguém ou funcionário/ chefe de alguém. Mero equivoco, essa crença só aumenta a questão que eu chamo de dominação relativa.
Essa dominação relativa consiste no fato de a pessoa não ser aquilo que pensa ser 24 horas e não abrange todo o universo. Ora uma pessoa pode ser amigo da Maria e não ser meu amigo, assim ele é amigo para a Maria e não para mim.
Vejamos eu me formei em enfermagem, eu fui enfermeira para determinados hospitais e serviços de saúde e não para outros tantos.
Quando usamos sou amigo de fulano, sou funcionário da fábrica tal, usamos um sentimento de posse inexistente, pois essa condição é transitória, não é eternizada. A partir do momento que compreendemos que fazemos parte de algo e não algo é de nossa propriedade, podemos vislumbrar uma nova relação pautada no respeito de limites, ou seja, quando compreendemos que nós ( eu) e a coisa ( uma pessoa, um lugar, etc.) não somos um só , mas duas partes que se unem ( soma) para culminar em um resultado - a relação, compreendemos onde começa um e termina o outro, isto é, compreendemos os limites, e assim se torna mais fácil respeitá-los.
Assim acontece com a loucura, o motivo de haver exclusão está no fato de as pessoas não incluírem em seus “mundos” o diferente, ou seja, a loucura não as pertencem. Se elas compreendessem a loucura como um fazer parte concomitante, poderiam respeitar mais os doentes mentais, haja vista que concluiriam que a loucura pode fazer parte de uma operação e culminar numa relação. Entenderiam os limites (se é que há) da loucura, assim podendo utilizar-se desses limites para traçar a operação que culminará numa relação.
Uma pessoa pode se tornar um referencial para um louco numa relação, a partir do momento que compreende que a loucura faz parte do cotidiano, não é algo diferente e incompatível com sua vida. Compreenderá que a loucura é um estado, e não uma situação. A partir daí entende-se que a pessoa que vive em harmonia com a loucura compreendeu que a loucura não é da pessoa, mas considerado louco para algumas situações, para os padrões de anormalidade do senso comum.
Mas para que isso aconteça é preciso a pessoa se abrir em relação ao outro, ao diferente. É preciso criar em si mesmo um senso investigativo, uma habilidade de questionar, um desprendimento dos conhecimentos prontos. Só assim é capaz de compreender o diferente, pois a crença no relativo mascara muitas vezes o absoluto. No caso acima o relativo (senso comum) o absoluto ( a loucura é diferente se compararmos o ser humano em sua multiplicidade ao invés da sua unidade).

Um comentário:

Anônimo disse...

muito bom e é exatamente isso que acontece nõ só na sociedade mas também nos antepassados.seu artigo abiu minha mente para esse assunto ,obrigado!!!