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domingo, 27 de abril de 2008

Quando nada vai como você quer, abstraia, inove.

Escrevi no meu orkut a seguinte frase: Quando nada vai como você quer, abstraia, inove.
Uma amiga de infância que não vejo há muito tempo pediu para copiar. Pra mim essa frase era praticamente banal, mas mediante o respectivo pedido fui analisá-la. Sinceramente não achei nada demais, então levei em consideração o contexto no qual inseri a frase: a mesma estava abaixo de uma foto do meu aniversário, mas precisamente da foto que mostrava a mesa de bolo e tema da festa – SHREK.
Considerando que fiz trinta anos, fazer uma festa com temática infantil não é dito muito normal para a grande maioria que vê as fotos, que foi ao aniversário deve ter se questionado o que me levou a fazer aquela temática.
Bem explico primeiro que adoro o Shrek, acho o filme bem didático, nada de terrorismo, de perseguição, de envenenamento etc. O filme/desenho mostra a compreensão do diferente, a compreensão que é possível amar, respeitar o outro mesmo sendo diferente ( eis ai a relação do Shrek com o burrinho falante), dentre outros.
Mas, além disso, existe algo extrínseco a isso tudo. O fato de fazer as pessoas questionarem, criar um canal de diálogo com o outro. Ora se eu fizesse uma festa tradicionalmente de adulto não seria meu aniversário, pois eu não estaria experimentando o novo. Não estaria criando uma pulga atrás da orelha das pessoas. Não que eu goste de deixá-las em dúvida, com o pé atrás, mas gosto de RESGATAR no outro a capacidade do diálogo através da investigação, da dúvida.
Ora todos que chegavam, passavam primeiro pela mesa do bolo ao vir me cumprimentar. E em todos os casos sempre havia uma pergunta: O que é isso? O aniversário é de quem? Uai, você é criança?
Consegui com um simples gesto fazer com que as pessoas questionassem, ficassem curiosas e fossem em busca de resposta, não dei nada pronto. Sem impor nada a ninguém consegui provocá-las. Muito melhor se eu fizesse uma temática séria, e ficasse eternamente na tentativa de manter um diálogo, ou criar uma possibilidade para que as pessoas despertassem para o questionamento, a investigação.
Ora eu poderia ter conseguido isso se tentasse uma temática intrinsecamente filosófica, com textos filosóficos, livros e boas revistas espalhados pelos cantos da casa. Mas as pessoas têm preguiça de ler, algumas passariam direto, outras folheariam, e poderia até ter aquelas que lessem. Mas ia acontecer uma falha: seria algo mecânico, quase uma imposição. Não leriam com senso investigativo, com interesse.
A festa infantil possibilitou isso de uma forma natural, e o que é melhor resgatando a criança dentro de cada um, não a criança que brinca, que não tem vergonha, mas a criança que pergunta, que fuça a criança que busca respostas. A mesma que a escola hoje adestra, a mesma que esquecemos dentro de nós mesmos por vergonha, talvez por acreditar que quando crescemos não precisamos mais perguntar. A criança que deu espaço ao adulto cuja curiosidade é somente no sentido de fofoca e não de descoberta.

Como foi bom ver as pessoas em volta da mesa procurando o que tinha, procurando algo novo para perguntar, algo que desse uma nova oportunidade de perguntar.
Algumas falavam vou tirar foto e levar pro seu médico, ele ai te internar. Eu apenas ria e dizia que ele iria adorar, não explicava o porquê, mas aqui é diferente. Eu dizia que ele iria adora justamente pela conotação filosófica da situação, eu simplesmente consegui trazer à luz do dia uma teoria que compartilho: que é possível oferecer a filosofia às pessoas de uma forma que não seja apenas através da cultura filosófica, a partir da historicidade dos grandes pensadores.

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