Páginas

Pesquisar este blog

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Eis o motivo do meu sumiço

Que o vestibular não testa conhecimento de ninguém, isso não se precisam mais dizer, que a educação no Brasil não está boa nem se fala. Mas eu adoro estudar e sempre que posso estudo mais e mais. Antes como escopo, agora saciando vontades e necessidades reais minhas.

Meu ano começou com visão para o estudo, tentei o vestibular. Não fiz primeira fase do vestibular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), pois para filosofia, curso que concorri, só houve segunda fase devido à pouca concorrência ( 2,7 estudantes por vaga).

Para quem passou o ano decorando, o vestibular foi até fácil. Exigiu-se pouco raciocínio, muita “decoreba” ( ao contrário do que alguns jovens saíram falando). Fazer conta, dar respostas diretas compostas de uma só palavra não é estudo pra mim. Afirmo categoricamente que a segunda fase do vestibular da UFJF testou quem melhor decorou matérias. Mas vamos dissecar essa primeira fase.

Inicialmente comemorei há anos atrás as provas da segunda fase não serem específicas por área, mas seria cobrado todo o conteúdo, de todas as matérias de forma dissertativa. Mas por outro fiquei receosa pelo fato de terem extinguido a redação.

Bem meu medo foi confirmado neste vestibular, as perguntas não exigiam muito desenvolvimento, grande parte pedia pra citar, a justificativa era breve e o espaço pequeno demais para isso.

Ok! Muito vão dizer, mas algumas respostas não exigem que o estudante enrole, são respostas diretas. Concordo, o aluno deve ser sucinto, mas com a retirada da redação deveriam exigir questões que faça o aluno escrever, testar coesão e coerência do mesmo, bla bla bla. Mas vamos passar prova por prova para isso ficar mais claro.

Literatura e Português: particularmente essa foi a prova mais bem elaborada, embora tenha tido questões que eu questiono a importância das mesmas. Os textos apresentados eram atuais, com temática importante - ling6uística. Apesar do pouco espaço pra responder, o grau de dificuldade da prova estava justamente em não reproduzir fragmentos do texto, já que as respostas estavam obvias no próprio texto.

A antepenúltima questão e a penúltima marcaram exemplificam a falta de coerência do discurso da comissão do vestibular e da prática deles. Essas questões simplesmente verificaram quem leu ou não a literatura sugerida. Ambas davam um fragmento de texto de dois livros distintos e perguntavam a que parte do livro pertenciam aqueles fragmentos. Sinceramente até agora não consegui descobrir o que isso tem de importante para o ensino. A leitura poderia ser cobrada de outra forma, agora decorar ordem de texto, etc é absurdo! É boçal demais , parece guerrinha: vou sacanear quem não leu, vou descobrir agora se eles obedecem o programa etc.

Também destaco a elaboração da prova de biologia: a UFJF finalmente deixou de lado o velho costume de apresentar um desenho de alguma estrutura e pedir nome dos itens selecionados. As questões exigiam algum raciocínio uma vez que saíram de exemplos antigos dos livros e trouxeram muitas questões para atualidade. Ou seja, uma prova abrangente, fácil, e atual. O problema da prova fica por conta do pouco espaço para responder, ora falar de canais de cálcio, sua função e conseqüências do seu bloqueio em 4 linhas é meio complicado.

Chegamos então na prova de física, a mais temida por muitos estudantes, e a que teve maior índice de zero na primeira fase, estava relativamente fácil, mas pra quem decorou fórmulas. Adoraria também saber como se testa coesão e coerência de estudantes, que não farão prova de redação, cobrando numa prova somente cálculo, sem ter, pelo menos, um pedido de justificativa de resposta. Reconheço a importância da física no nosso dia-a-dia, mas não vejo a importância de se cobrar cálculo, ou será que alguém faz arroz, pensando na massa do mesmo? Ou anda de carro preocupado com a velocidade x tempo x espaço?

O que pode ter sido comemorações pra uns, pra outros foi decepcionante, como pra mim. Não fui mal à prova, mas esperei muito mais desta prova, temos tantos temas atuais, para eles ficarem presos a cálculos.

Matemática: essa prova exigiu um raciocínio lógico, também havia muitos cálculos, mas uma prova fácil, porém com pouco abrangência de conteúdo.

História: outra prova que criei expectativas demais. Schopenhauer teria me passado sermão se soubesse disso. uma prova boçal, do pondo de vista de como foi cobrada, mas com seus pontos positivos também. Destaco dois fatores muito interessantes desta prova. O primeiro foi a defesa quase que imperceptível a favor do petismo. Foi hilário fazer essa prova eu ria. E o outro fator diz respeito a disposição das questões que respeitava uma ordem cronológica de fatos, começando pela antiguidade e culminando no apartheid.

Porém mais uma vez se dissipou a possibilidade da escrita, algumas questões só exigia uma palavra como resposta. E ainda teve gente dizendo que a prova não exigiu decoreba, ora se decorar uma palavra pra responder não é decorar, o problema da educação vai muito mais além, as pessoa senão estão sabendo nem o que é decorar.

Deram um texto e pediram pra destacar do mesmo os dois lemas da revolução francesa e uma outra questão apresentava um contexto político citava Nelson Mandela e perguntava qual a política que se referiam. Isso não é decorar?

Mas as questões rondando uma pequena crítica ao colonialismo, capitalismo, defesa de negros etc. Marcaram a defesa dos pressupostos petistas. Achei que só ficou faltando temas sobre Chavez, Morales e Fidel para ser mais escancarado a defesa socialismo, e do partido dos trabalhadores brasileiros.

A química foi outra matéria ilusória, cobrou cálculo demais. O que salvou foi alguns pedidos de justificativa, a atualidade da prova foi marcada pela exemplificação dos enunciados das questões, mas uma prova cansativa de se fazer. E com pouca possibilidade de dissertar.

Geografia não estava muito distante da história. Fez uma crítica ao capitalismo, mascarada com uma questão de economia referente aos oligopólios. Questões muito objetivas como na história exigindo apenas uma palavra pra responder. Ainda foi marcada por uma questão do ensino fundamental, para demarcar onde estavam algumas capitais brasileiras. Li e reli a questão para saber se é aquilo mesmo que estava sendo pedido. Essa questão foi precedida por uma outra que pedia nome dos climas representado por gráficos que tinham como título nomes de estados brasileiros. Ou seja, se você não entendesse nada de gráfico, faria a questão pelos nomes dos estados. Se e fizesse essa questão juntaria as duas numa só e pediria a estudantes para descrever o clima da capital X. Isso testaria o mesmo a saber onde fica a capital, e características do clima.

Mas não fui da banca...

Bem basicamente foi isso. Conversando ontem com algumas pessoas elas acreditam que a facilidade das provas é devido às notas baixas e número de zeros dos últimos anos. Eu não penso assim. A UFJF está implantando o REUNI, todos sabem o que isso implica, precisa de pessoas que queiram ingressar, quem tem possibilidade de não participar do REUNI vai evadir das federais, de não baixar o nível do vestibular as pessoas do ensino público não conseguirão entrar na universidade, as que têm condições não vão querer e consequentemente há um medo de vagas sobrarem.

Umas pessoas adoraram esse grau de dificuldade baixo, eu particularmente não gosto. As notas disparam, e a concorrência aumenta, por outro lado isso atesta que o ensino médio e fundamental está ruim a ponto das Universidades fazerem provas ridículas que ainda cobram lemas da Revolução francesa, decorar fórmulas, saber onde fica capital brasileira e ainda testar se o aluno lê ou não de forma ridicularizada.

A prova do vestibular da UFJF mostrou claramente o proselitismo da banca contra a política Duque e defesa da política federal. Uma briguinha partidária ilógica, conformada pela ajuda do reitor ao prefeito da cidade.

Até o momento que a educação servir de manipulação política, essa ridicularização do nosso ensino vai sempre acontecer. É desanimador.

Nenhum comentário: