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terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Confraternização

Sábado à noite fui a uma confraternização de um café filosófico.

Um desafio! Estava agitada, irritadiça. Como se isso não fosse um estado normal meu, mas essa situação se exacerbava uma vez que eu não conhecia praticamente ninguém, quem eu mais conhecia ali tinha visto no máximo duas vezes. Pior que ir eu participaria de um amigo oculto que eu nem sabia quem era a pessoa que eu sorteei.

Tentei ser o mais original possível no presente! Comprei um livro de Yalom ( está bem sei que mitos esperariam mais originalidade de mim, mas foi o que pude arrumar). Coloquei juntamente com uma bijuteria produzida por pacientes mentais, enviadas a mim por uma amiga que trabalha com eles em Leopoldina – encomendei exclusivamente para o presente, não me arrependi ( escolhi esse presente tendo em vista que o livro tratava da terapia de grupo segundo Schopenhauer). Coloquei tudo numa caixa imitando madeira e com fita dourada ( não podia faltar o toque de extravagância).

Cheguei ao local alguns minutos depois da hora marcada, mas pouca gente havia chegado, ninguém que eu tivesse visto mais de uma vez. Fiquei apreciando o local, belíssimo. Minhas horas sem entrosamento foram compensadas por um belo quadro de Mona lisa que havia no local (me fez recordar um estudo que fiz sobre o quadro no passado). Posso ter ficado uns bons 40 minutos ali, imóvel na frente dele, olhando. Até que a dona do mesmo se aproximou e começamos a discutir sobre o mesmo.

Noite salva! Podia acontecer tudo errado, ser chata, eu ficar ali num canto jogada como um brinquedo velho, mas não! Primeiro assunto: ARTE! Não precisava acontecer mais nada. Mas se eu falasse da noite toda para algum religioso, ia dizer que seria a lei da atração, certamente eu riria.

Porém as maravilhas da noite não acabaram por aí. Como se não bastasse a arte, filosofia, encontrei alguém pra falar de sociedade, de política! Sim! Não falamos da conjuntura política do país, não falamos mal do governo, não falamos de corrupção explicitamente. Falamos de bastidores, de sociedade, de reflexos políticos nesses, falamos de conversa de corredor.

Mas não parou por aí a noite. Falamos sobre cultural regional!!!! Até sobre a Vesperata de Diamantina, discutimos. Magnífico, tudo praticamente perfeito, som excelente, ambiente agradabilíssimo. Fazia tempo que não passava uma noite tão agradável. Posso dizer que mais de cinco anos sem dúvida, desde a época da faculdade de enfermagem. Se bem que quando eu fazia direito fui a um churrasco muito bom também. Mas nada comparado a esse.

Mas estávamos confraternizando com pessoas que freqüentam um café filosófico. Não poderia faltar isso. Terminei a noite filosofando sobre pintura e literatura. Acreditem, pude falar de Gregório de Matos, Rubem Fonseca, Cecília Meireles, Ruth Rocha através de alguns quadros do local!

A noite terminou comigo falando que pintura não é uni interpretativa, mas deixa margem para várias interpretações da mesma, como a literatura de Ruben Fonseca, contos inacabados, para cada um dar o seu próprio desfecho. Considerei Ruben Fonseca o Picasso da Literatura brasileira.

Pena que poucos têm essa oportunidade de uma noite tão agradável. Parabéns aos idealizadores, aos organizadores e aos participantes.

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