Páginas

Pesquisar este blog

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Dependência química em Juiz de Fora



O Tema dependência química tem sido freqüente na vida dos juiz-foranos, é um tema que inquieta  muita gente, e tem despertado interesse não só da mídia, mas de políticos.

Vislumbrar ou lutar por soluções não tem sido resposta de preocupações com o tema em si, mas certeza de voto. E o que temos observado são ações paradoxais e sem o mínimo de  respaldo técnico para tal.

Quando falo respaldo técnico não me refiro apenas a questões sobre efeitos da droga no organismo,  sofrimento de familiares e aumento da violência. Refiro-me às alternativas de tratamento,  estruturas para tal (físicas e técnicas), especificidade da cidade para enfrentamento da problemática.

A moda agora é falarmos em COMPID (Conselho Municipal de Políticas Integradas sobre Drogas, internação compulsória e fechamento de hospitais especializados (psiquiátricos).

O COMPID  não resolvera muitas coisas, não é deliberativo e não tem representatividade ideal para realmente ser eficaz  e incisivo ao problema. Corre grande risco de  ser mais um conselho “manipulativo”, que só participam ‘pau mandados”.

Sobre o fechamento dos hospitais, já rascunhei alguma coisa por aqui essa semana, sobre análise da saúde em Juiz de  Fora e irei escrever amiúde  em outro texto. No entanto,  para falar de internação compulsória, precisamos falar do fechamento dos hospitais.

Qual estrutura do sistema de saúde a cidade tem para receber pessoas acometidas para dependência química? NENHUMA! Os hospitais psiquiátricos tem feito um atendimento paliativo, pois recebendo uma diária de R$ 43,00 para custear o tratamento de cada paciente, é impossível  apresentar  resultados positivos  definitivos. Mal paga medicação, quiçá alimentação e  terapia ocupacional, comportamental, etc.

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), não abarcam toda a demanda, e em alguns casos não são indicados para o tratamento da dependência química. Os hospitais gerais da cidade não possuem estrutura, condições para receberem essa demanda. Recentemente uma pessoa tentou suicídio num hospital geral privado da cidade, uma pessoa, que diziam que estava com depressão, imagine alguém com um grau exacerbado de  abstinência, na fissura? Em um hospital  conveniado ao SUS, uma pessoa deu entrada com tentativa de auto extermínio e saiu apenas com avaliação do neuro, ortopedista e com uma receita de dipirona. Sequer chamaram o psiquiatra.

A emergência psiquiátrica é ridícula, e  dispensa os comentários sórdidos.

O que resta então são as comunidades terapêuticas. Infelizmente não, elas também não escapam. Ter um local decente para a pessoa se tratar não significa  eficácia no tratamento. Nessas clínicas não há equipe terapêutica completa, e o projeto terapêutico é fixo, sendo que o indicado é um projeto individualizado, exclusivo, baseado na proposta de clínica ampliada.

Falar em  internação compulsório temos que falar, obrigatoriamente,  em  serviços de saúde disponíveis, para só depois pensarmos em baixar um decreto. Também não basta  permitir internação compulsória, temos que ter um feedback da resolutividade dessas internações e, ainda, programas de prevenção à dependência química, programa de redução de danos na atenção primária. Algo que estamos longe de ter.

E o que estamos observando em Juiz de Fora com as discussões vigentes na Câmara Municipal de Juiz de Fora e demais setores afins, é um paradoxo, estão passando o carro à frente dos bois, e quem vai pagar o pato será somente a cidade, pois algumas aprovações podem entregar de vez a saúde da cidade, principalmente o departamento de saúde mental, nas mãos de quem controla a cidade para próprio beneficio.

Não adianta ficarmos com o controle remoto da TV nas numa mão e papel e caneta na outra para anotarmos os modismos, e depois sair falando asneira, ou em práticas populistas de politicagem barata, pois quem sofre não são os politiqueiros, mas as pessoas acometidas por transtorno mental e  suas famílias.


__________________________

p.s: Não estou aqui afirmando que não tenha de ter discussão sobre internação compulsória, e tão pouco dizendo que os hospitais não devam fechar, estou apenas mostrando que a forma como está sendo feito está sucateando ainda mais o setor.

Nenhum comentário: