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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Na saúde mental: ouça!





Hoje estava no hospital acompanhando minha mãe, quando alguns acadêmicos de enfermagem  chegaram ao quarto convidando pacientes e acompanhantes para assistir a uma palestra....

Identificaram-se, falaram que era uma palestra de saúde mental... Fiquei tentada, e  mesmo contrariando minha mãe eu fui. O receio de minha mãe não era ficar sozinha alguns poucos  minutos (quase uma hora), mas do que eu poderia falar no ambiente. Prometi ficar calada. Não fiquei, mas não falei nada demais, apenas meu nome, quem acompanhava, e quase no final o que eu fazia.

Sempre gosto de ver essas apresentações de acadêmicos, embora sejam bem parecidas, com mensagens (vídeos, frases, cartazes) motivadoras, dinâmicas já conhecidas, e a tensão de apresentação na frente do professor. Mas são sempre apresentações que me remete a alguma reflexão, sempre auto reflexão.

E dessa vez minha auto reflexão foram com relação aos meus valores. Ao que penso de saúde mental. Reafirmei que enfermagem não é criar um mundo cor de rosa para cuidar, mas cuidar na gratuidade.  Embora muitos discursos rondem essa esfera, poucas ações são feitas no sentido, e na palestra ficou claro, principalmente  quando se perguntava: o que você faz para enfrentar seus medos e anseios?

O enfrentamento do medo não passa apenas pela mudança de foco, ao contrário, a mudança de foco só deve acontecer quando se enfrenta propriamente dito o medo. E criar alternativas de enfrentamento, mudança de foco do medo para outra coisa, nada mais é do que criar um mundo cor de rosa para o cuidar.

Temos a mania de criar fugas diante do desconhecido, do medo, , e muitas vezes a fuga é o ataque, e as vezes sem conhecimento. Por isso é importante conhecermos a raiz do medo, dos problemas e atuar nela.

Nesta palestra o professor que estava como  preceptor de estudantes que faziam tal dinâmica teve essa postura: propor pontos de fuga, não só no discurso como na postura, realçando as fugas ditas pelos presentes, e sequer trabalhando  o enfrentamento de frente, as causas, ou pelo menos propondo isto. O que ficou claro, quando ele sentou-se ao meu lado ao final para assistir a um vídeo e disse apenas: “quem diria você aqui”.

Um sorriso foi o suficiente para responder. Após dizer isso, ele se levantou e sentou-se do outro lado, ele me conhecia e sabia muito bem quem eu era. Pensei será que ele sentiu-se afrontado com minha presença ali? E ter respondido a uma dinâmica estar satisfeita por estar ali como acompanhante, enfermeira da área de saúde mental e escritora da área.

Quem trabalha nessa área deve estar aberto a tudo, nada é irrelevante, tudo é importante.  Os acadêmicos deixaram de se preocupar com a presença do professor, e passaram a se preocupar com a presença de uma escritora, que aprendia ali com eles. Sim! Aprendia com eles, cada experiência trocada é u novo aprendizado.

Os discursos prontos (à La Padre Fábio de Melo) não convencem a alguns, mas servem para orientar, guiar ações, e talvez meu silêncio ali poderia direcionar algo: será que profissionais de saúde estão mais preparados, habilitados para enfrentar os anseios dos leigos do que de profissionais?  Será que não intriga como é o grau de enfrentamento de um profissional que está na condição de acompanhante e paciente? Tem medos, como os enfrenta?

Mas sempre há salvação no mundo... Depois de algumas horas ao ir à cantina, já no horário de visitas deixando minha mãe bem acompanhada de familiares, e sentada tomando um suco, uma das acadêmicas me abordou educadamente intrigada como eu enfrentava a situação que eu passava: “enfermeira enquanto acompanhante de mãe.”

Como eu enfrentava a ansiedade, o medo, pois eu tinha noção de tudo o que acontecia, se estavam fazendo algo errado ou não, técnicas, etc.  Eu respondi dizendo: com dois Rivotril de 2 mg diariamente. Ela com carinha de admiração perguntou se eu já havia tentado algo mais  suave... Eu disse que sim, Rivotril de 0,25mg sublingual...

A pergunta que se seguiu tinha um tom de indignação: “Você não se apega a Deus, ou conversa com alguém?”

- À Deus eu já sou apegada sempre, não preciso recorrer para pedir socorro quando preciso, ele sabe, pois conversamos sempre, e através de cada pessoa que troco palavras, como com você agora. O amor de Deus é humano!

Devemos ter o cuidado de não quantificarmos e tão pouco qualificarmos de forma genérica as reações humanas de enfrentamento, Algumas podem ser até  semelhantes, idênticas, mas as exceções existem também, e não podem ser excluídas ou esquecidas.







O maior Deus não é o que está no céu, mas aquele que está dentro de você. A maior crença, não é aquela que puxa multidões, mas aquela que está dentro de você,. A maior fé não é aquela que move montanhas, mas aquela que te faz acreditar que você pode movê-las. Assim não se busca Deus lá fora, mas dentro de si, milagres não acontecem sem a sua própria ajuda! 

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