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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Secretaria de Saúde de Juiz de Fora (2013)



 Existem muitos escritores, filósofos, sábios, etc que afirmam que palavras devem ser amadurecidas antes de serem proferidas. Este é um tema que eu amadureci antes de escrever, embora  pulsasse  veemente em minhas inquietações desde o dia 15 de outubro, quando o prefeito eleito Bruno Siqueira, ainda candidato no segundo turno, se reuniu com Marcus Pestana, Aécio Neves e Lafayette Andrade, além de Antônio Jorge, para acertarem o apoio do PSDB/PPS  ao  PMDB Juiz de Fora.

Enquanto eles se reuniam na capital Mineira, eu conversava com pessoas ligadas à campanha de Bruno, que tentavam fazer com que eu não mais falasse que a equipe Bruno e o próprio Bruno (pois ele sabe e sempre soube de tudo que rola na Internet) era conivente com práticas abomináveis, como ameaça de morte, no Facebook. Mas eu tenho meus princípios, minha própria personalidade, e  talvez como uma manobra para me acalmar (devido tamanha indignação e declaração de voto NULO) soltaram que o José Laerte seria o secretário de saúde municipal. Fato este quase confirmado quando as 16 horas do mesmo dia o mesmo se preparava para ir a Belo Horizonte, o que no dia seguinte se confirmou com fotos postadas na Internet. Talvez pensaram que eu me aquietaria pela admiração que tenho pela pessoa.

Dia 24 de dezembro, eis que o prefeito eleito em Juiz de Fora, Bruno Siqueira, divulga em seu twitter, o nome de José Laerte para o respectivo cargo, o qual cogitaram outros nomes  devido a vários motivos, dentre as especulações: um passar de pernas precoce de Antônio Jorge, problemas internos no PSDB, possibilidade de Rodrigo Mattos abrir vaga para Zé Laerte, já que este é primeiro suplente, etc. Mas dia 24 foi sacramentado o nome. E já era de conhecimento de muitos a negociação em torno do nome de Dr. José Laerte conforme pode ser ler nas mídias digitais, a partir do cumprimento de alguns ao mesmo pela nomeação.

Bruno Siqueira a principio teria apenas quatro nomes, dois descartados pelo fato de parentesco, e outro por ter sido eleito vereador. Os dois que sobravam seria o próprio José Laerte, que mesmo tendo um pequeno impasse com Bruno¹ seria uma opção direta por amizade (assim como foi com Flávio Cheker, que não foi negociação partidária), sem necessidade de negociar com apoios partidários. E ainda um amigo de partido, que o ajudou, também, a construir o plano de governo, porém este se esquivou quando a vitória era garantida e mesmo assim Bruno insistiu em receber apoio formal de PSDB, algo que desagradou a muitos do partido na ocasião.

Porém não é porque admiro o trabalho e pessoa de José Laerte que eu vá enxergar apenas o que meus olhos esbarram – pessoa-curriculo-cargo. Se fosse assim não poderia ter tido melhor escolha. O Zé tem foco,  é atualizado,  perspicaz e tem conhecimento de causa (tanto local quanto regional – não podemos esquecer que Juiz de Fora tem  responsabilidade com a região, uma vez que é cidade pólo/referência)

Mas analisar assim é analisar de forma superficial. Existem muito mais coisas a serem consideradas, dentre elas como foi feita essa opção: secretaria de portas fechadas ou não? Ou seja, ele terá o “poder” de escolher sua equipe ou não? Segundo informações do  mesmo (escolhido a secretário de saúde) nas redes sociais, é ele quem está escolhendo a equipe, mas resta saber até que ponto ele tem autonomia para tal, já que ele pertence a um grupo que detém o comando da saúde na cidade e região – Grupo de Antônio Jorge. Se for o grupo, corremos risco de manter velhos nomes e velhas práticas, dentre elas terceirizações, e uma atenção primária a passos lentos.

Nessa mesma linha de pensamentos temos os embates partidários: de um lado o PSDB rachado, e do outro o PPS, de Antônio Jorge e Marcelo Siqueira,  buscando espaço no panorama político local (em Juiz de Fora), inclusive tendo o primeiro já exteriorizado vontade de se lançar candidato à deputado Estadual e ate à prefeitura de Juiz de Fora. Sendo a saúde a pasta de maior preocupação da população, temos duas alternativas: O grupo buscar fazer uma  bela gestão, e assim o PPS saindo bem mais em evidência que PSDB já que em termos de popularidade José Laerte não chega aos pés de Antonio Jorge, e assim o PPS conseguir uma certa autonomia via filho de Marcelo Siqueira. Ou , ainda,   fazer o mesmo que fizeram na gestão Custódio, “detonando” o segundo grupo (que ainda tem alguma relevância e credibilidade na cidade) do PSDB e assim surgirem como alternativa, já que o PT ainda não  está conseguindo barrar os tucanos na cidade, e tão pouco possuem um nome forte para isso.

Caso a segunda alternativa aconteça, o PPS conseguirá reproduzir em Juiz de Fora o que fez em BH: passar a ser objeto e deixar de ser sombra.

Não digo que será uma gestão ruim, afinal temos que aguardar o inicio dos trabalhos, se fizer 10% que fez na região enquanto secretário regional de saúde (setor Juiz de Fora, que abarca 37 cidades), muitos dos nossos problemas serão sanados. Se tiver pulso (talvez vontade), tal como recentemente teve ao denunciar que o atual prefeito, Custódio Mattos, está deixando as prateleiras da farmácia vazia para o próximo prefeito, podemos vislumbrar algumas soluções para problemas sérios enfrentados.

Mas devemos considerar que ele terá um legislativo  quase que 100% de oposição à pessoa dele, inclusive de partidários dele. Além disso, terá um sindicato (atuante) dos médicos também já com ressalvas para com ele (e prefeito também, já que o prefeito eleito preferiu faltar ao debate no sindicato dos médicos, por ocasião do segundo turno, para ir ao encontro de  apoio à candidatura do mesmo promovida na sede do PPS - porque mesmo não foi no comitê central de Bruno Siqueira?). Não obstante, ainda esbarrará nas resistências do Conselho Municipal de Saúde que se dividem entre apoio incondicional ao Antônio Jorge (os mesmos que apoiaram Custódio a pedido do secretário estadual de saúde) e do outro grupo muito mais ligados ao sindicato dos médicos e PT, do que  à José Laerte.

No entanto, os desafios não param por ai. O secretário municipal de saúde anunciado, ainda deverá saber lidar com os assessores escolhidos, para que não confundam assessoria com oportunismos, como já podemos observar alguns movimentos nesse sentido pelas redes sociais. E ainda  conseguir conciliar de forma a não parecer piegas ou arrogante as mídias sociais as quais participa. Além de rever a postura do voluntariado que faz enquanto médico, como se dará isto de forma também não beneficiar uns em detrimento de uma maioria, enquanto secretário de saúde.

Quanto as mídias sociais,  se souber  articular de forma coerente, sem deslumbramentos, e sem fazer  de diário de bordo, ou exaltação do trabalho, mas  de interação com a população, poderá criar um canal relevante de elo entre a gestão e população, de conscientização, esclarecimentos, e que consequentemente, se bem trabalhado e articulado poderá dar excelentes resultados em 2014. Porém não pode deixar cair em esquecimento ou simplesmente abandonar, sob risco de  profanarem e utilizarem os espaços de forma negativa à sua pessoa, cargo, partido e cidade, manipulando de forma favorável aos adversários, e tão pouco deletar (o site pessoal já está fora do ar há um tempo)  sinalizando um cordão de isolamento em torno de si, tornando-se inacessível.

A nomeação tem tudo para ser um sucesso, porém dependerá de uma postura individual dele em saber levar os interesses coletivos  como prioridade, independente se será ou não vontade de um determinado grupo. Além, é claro, de não permitir que as ações sejam manipuladas de forma a beneficiar politicamente um determinado grupo.

Os desafios são enormes, ainda mais quando temos  como cenário uma cidade cujo modelo curativo ainda é o predominante e aclamado pela maioria. Porém nada impossível de se reverter.







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¹ ao que parece o clima ficou meio "frio" entre os dois por ocasião das eleições da nova presidência da CMJF, quando Bruno deixou a função para assumir uma cadeira na ALMG, esperava e indicava José Laerte, quando o mesmo viajou, ou algo do tipo não comparecendo à votação.

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