Existem muitos
escritores, filósofos, sábios, etc que afirmam que palavras devem ser
amadurecidas antes de serem proferidas. Este é um tema que eu amadureci antes
de escrever, embora pulsasse veemente em minhas inquietações desde o dia
15 de outubro, quando o prefeito eleito Bruno Siqueira, ainda candidato no segundo
turno, se reuniu com Marcus Pestana, Aécio Neves e Lafayette Andrade, além de
Antônio Jorge, para acertarem o apoio do PSDB/PPS ao PMDB
Juiz de Fora.
Enquanto eles se
reuniam na capital Mineira, eu conversava com pessoas ligadas à campanha de
Bruno, que tentavam fazer com que eu não mais falasse que a equipe Bruno e o
próprio Bruno (pois ele sabe e sempre soube de tudo que rola na Internet) era
conivente com práticas abomináveis, como ameaça de morte, no Facebook. Mas eu
tenho meus princípios, minha própria personalidade, e talvez como uma manobra para me acalmar
(devido tamanha indignação e declaração de voto NULO) soltaram que o José Laerte
seria o secretário de saúde municipal. Fato este quase confirmado quando as 16
horas do mesmo dia o mesmo se preparava para ir a Belo Horizonte, o que no dia
seguinte se confirmou com fotos postadas na Internet. Talvez pensaram que eu me
aquietaria pela admiração que tenho pela pessoa.
Dia 24 de dezembro,
eis que o prefeito eleito em Juiz de Fora, Bruno Siqueira, divulga em seu
twitter, o nome de José Laerte para o respectivo cargo, o qual cogitaram outros
nomes devido a vários motivos, dentre as especulações: um passar de pernas precoce de Antônio Jorge, problemas internos
no PSDB, possibilidade de Rodrigo Mattos abrir vaga para Zé Laerte, já que este
é primeiro suplente, etc. Mas dia 24 foi sacramentado o nome. E já era de conhecimento
de muitos a negociação em torno do nome de Dr. José Laerte conforme pode ser ler nas mídias digitais, a partir do
cumprimento de alguns ao mesmo pela nomeação.
Bruno Siqueira a
principio teria apenas quatro nomes, dois descartados pelo fato de parentesco, e outro por
ter sido eleito vereador. Os dois que sobravam seria o próprio José Laerte, que
mesmo tendo um pequeno impasse com Bruno¹ seria uma opção direta por amizade
(assim como foi com Flávio Cheker, que não foi negociação partidária), sem
necessidade de negociar com apoios partidários. E ainda um amigo de partido,
que o ajudou, também, a construir o plano de governo, porém este se esquivou
quando a vitória era garantida e mesmo assim Bruno insistiu em receber apoio
formal de PSDB, algo que desagradou a muitos do partido na ocasião.
Porém não é porque
admiro o trabalho e pessoa de José Laerte que eu vá enxergar apenas o que meus
olhos esbarram – pessoa-curriculo-cargo. Se fosse assim não poderia ter tido
melhor escolha. O Zé tem foco, é
atualizado, perspicaz e tem conhecimento
de causa (tanto local quanto regional – não podemos esquecer que Juiz de Fora
tem responsabilidade com a região, uma
vez que é cidade pólo/referência)
Mas analisar assim
é analisar de forma superficial. Existem muito mais coisas a serem
consideradas, dentre elas como foi feita essa opção: secretaria de portas
fechadas ou não? Ou seja, ele terá o “poder” de escolher sua equipe ou não? Segundo
informações do mesmo (escolhido a secretário de saúde) nas redes sociais, é ele quem está escolhendo a equipe,
mas resta saber até que ponto ele tem autonomia para tal, já que ele pertence a
um grupo que detém o comando da saúde na cidade e região – Grupo de Antônio Jorge. Se
for o grupo, corremos risco de manter velhos nomes e velhas práticas, dentre
elas terceirizações, e uma atenção primária a passos lentos.
Nessa mesma linha
de pensamentos temos os embates partidários: de um lado o PSDB rachado, e do
outro o PPS, de Antônio Jorge e Marcelo Siqueira, buscando espaço no panorama político local (em Juiz de Fora), inclusive tendo o primeiro já exteriorizado vontade de se
lançar candidato à deputado Estadual e ate à prefeitura de Juiz de Fora. Sendo
a saúde a pasta de maior preocupação da população, temos duas alternativas: O
grupo buscar fazer uma bela gestão, e
assim o PPS saindo bem mais em evidência que PSDB já que em termos de
popularidade José Laerte não chega aos pés de Antonio Jorge, e assim o PPS
conseguir uma certa autonomia via filho de Marcelo Siqueira. Ou , ainda, fazer o mesmo que fizeram na gestão
Custódio, “detonando” o segundo grupo (que ainda tem alguma relevância e
credibilidade na cidade) do PSDB e assim surgirem como alternativa, já que o PT
ainda não está conseguindo barrar os tucanos na cidade, e tão pouco possuem um nome
forte para isso.
Caso a segunda
alternativa aconteça, o PPS conseguirá reproduzir em Juiz de Fora o que fez em
BH: passar a ser objeto e deixar de ser sombra.
Não digo que será
uma gestão ruim, afinal temos que aguardar o inicio dos trabalhos, se fizer 10%
que fez na região enquanto secretário regional de saúde (setor Juiz de Fora, que abarca 37 cidades), muitos dos nossos problemas serão sanados. Se tiver pulso (talvez vontade),
tal como recentemente teve ao denunciar que o atual prefeito, Custódio Mattos,
está deixando as prateleiras da farmácia vazia para o próximo prefeito, podemos
vislumbrar algumas soluções para problemas sérios enfrentados.
Mas devemos
considerar que ele terá um legislativo
quase que 100% de oposição à pessoa dele, inclusive de partidários dele.
Além disso, terá um sindicato (atuante) dos médicos também já com ressalvas
para com ele (e prefeito também, já que o prefeito eleito preferiu faltar ao
debate no sindicato dos médicos, por ocasião do segundo turno, para ir ao
encontro de apoio à candidatura do mesmo
promovida na sede do PPS - porque mesmo não foi no comitê central de Bruno
Siqueira?). Não obstante, ainda esbarrará nas resistências do Conselho Municipal
de Saúde que se dividem entre apoio incondicional ao Antônio Jorge (os mesmos
que apoiaram Custódio a pedido do secretário estadual de saúde) e do outro
grupo muito mais ligados ao sindicato dos médicos e PT, do que à José Laerte.
No entanto, os
desafios não param por ai. O secretário municipal de saúde anunciado, ainda
deverá saber lidar com os assessores escolhidos, para que não confundam
assessoria com oportunismos, como já podemos observar alguns movimentos nesse
sentido pelas redes sociais. E ainda
conseguir conciliar de forma a não parecer piegas ou arrogante as mídias
sociais as quais participa. Além de rever a postura do voluntariado que faz
enquanto médico, como se dará isto de forma também não beneficiar uns em
detrimento de uma maioria, enquanto secretário de saúde.
Quanto as mídias sociais, se souber
articular de forma coerente, sem deslumbramentos, e sem fazer de diário de bordo, ou exaltação do trabalho,
mas de interação com a população, poderá
criar um canal relevante de elo entre a gestão e população, de conscientização,
esclarecimentos, e que consequentemente, se bem trabalhado e articulado poderá
dar excelentes resultados em 2014. Porém não pode deixar cair em esquecimento
ou simplesmente abandonar, sob risco de
profanarem e utilizarem os espaços de forma negativa à sua pessoa,
cargo, partido e cidade, manipulando de forma favorável aos adversários, e tão pouco
deletar (o site pessoal já está fora do ar há um tempo) sinalizando um cordão de isolamento em torno
de si, tornando-se inacessível.
A nomeação tem tudo
para ser um sucesso, porém dependerá de uma postura individual dele em saber
levar os interesses coletivos como prioridade,
independente se será ou não vontade de um determinado grupo. Além, é claro, de
não permitir que as ações sejam manipuladas de forma a beneficiar politicamente
um determinado grupo.
Os desafios são
enormes, ainda mais quando temos como
cenário uma cidade cujo modelo curativo ainda é o predominante e aclamado pela
maioria. Porém nada impossível de se reverter.
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¹ ao que parece o clima ficou meio "frio" entre os dois por ocasião das eleições da nova presidência da CMJF, quando Bruno deixou a função para assumir uma cadeira na ALMG, esperava e indicava José Laerte, quando o mesmo viajou, ou algo do tipo não comparecendo à votação.
¹ ao que parece o clima ficou meio "frio" entre os dois por ocasião das eleições da nova presidência da CMJF, quando Bruno deixou a função para assumir uma cadeira na ALMG, esperava e indicava José Laerte, quando o mesmo viajou, ou algo do tipo não comparecendo à votação.
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