Páginas

Pesquisar este blog

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A saga dos 15 anos


Nunca imaginei que fazer quinze anos fosse algo de tanta responsabilidade! Eu já passei por vários quinze anos – mais de quinze anos de idade, mais de quinze anos morando em outro estado, uso óculos há um bom tempo, estudo a muito mais (este, aliás, mais de um quarto de século – puxa devo ser muito inteligente ou “nerd”). Enfim se formos observar somamos muitos anos e não nos damos conta.

No último final de semana fui a um aniversário de quinze anos, juro que saí de lá com esperanças de ganhar na mega sena, pois jogo do bicho é ilegal, e não quero levantar ira em ninguém, e de polêmica chega a da escolha do presente.

Aliás, escolher presente de quinze anos, algo que foi bem complicado. Eu sempre escolho presente me referenciando na pessoa a ser presenteada, com um toque especial meu. Mas dessa vez a escolha de presente quase virou novela mexicana, com uma pitada de mania persecutória.

Um mês antes começamos a debater aqui em casa, meu voto foi um livro da coleção “Meu querido diário otário”. Isso deu o que falar, achei que o problema era o objeto (o livro), mas me enganei, era o título da coleção: acharam que eu queria presentear para provocar a aniversariante e seus familiares próximos, já que a festa prometia ser em grande estilo sofisticado. Depois que entendi o fuzuê que deu minha escolha nem ousei dizer o nome do título que escolhi - Não subestime sua idiotice. Ora para uma pessoa que é criticada por estar em coral de igreja, grupo jovem, e mais outros grupos da igreja, seria algo interessante, útil a ela em tempos de bullying, e com uma pitada de estilo meu, já que adoro ler.

Meu susto não parou por ai. Já na igreja me surpreendi com o padre dizendo que joga na mega sena para ajudar as obras da igreja – considerando que ele havia saído de uma missa antes da tal celebração do aniversário,minha mente fértil esqueceu a homilia e enveredou nos caminhos da imaginação. Consegui ver o padre na sacristia sentado, contando o dinheiro das ofertas e separando o necessário para uma fezinha.

Chega! Falei a mim mesma e consegui lembrar-me do ato de contrição para pedir perdão pelo meu pecado. Certamente o devaneio foi fruto do impacto do presente escolhido e comprado: um porta-jóias musical, com uma bailarina rodopiando quando aberto. Oh céus!

Quando retomei minha atenção, todos já estavam saindo da igreja, a celebração acabara, e os convidados não ousaram esperar a saída da aniversariante, correram na frente para o salão onde aconteceria a festa.

Achei que a noite terminaria por aí. Mas lá fui eu levada ao salão, ao tunz tunz tunz. Não tive festa de quinze anos, mas lembro-me que nesta idade eu dançava Xuxa e paquitas, certamente esta seria a trilha sonora do meu aniversário. Mas agora é tanto nome que a gagá aqui ( e não lady gaga) não se recordaria. Poxa! Nem um MPB para eu conseguir acompanhar, desconsiderando o “levanta a mão e faça um coração” como música. Claudia Leite e Ivete Sangalo abatidas por Justin Bieber ( uns a gente decora de ouvir nas rádios e ler manchetes na Internet).

As novidades do aniversário ficaram por conta da minha presença mesmo, depois de ouvir tantos “está sumida” e “milagre você aqui”, decidi ir dança. Três músicas eletrônicas e começa aquela fumaça infernal, a mesma que me causou crise de bronquite aos onze anos para nunca mais me livrar delas. Um respirar fundo, uma abanadela foi suficiente para segurar o momento e continuar uma tentativa de dança. Nossa! Quanto fôlego essa garotada tem1 Só pulam, gostava mais da época dos passinhos, super fácil e as pessoas interagiam mais entre si ao invés de se tornaram malabaristas em cima de saltos altos e pulos.

Músicas e danças a parte, ganhem um esbarrão que me fez virar a bailarina do presente dado e me fazer rodopiar pela pista de dança antes mesmo da valsa e sem par. Foi o suficiente para acabar com o meu momento de dança. Não! Não quebrei salto, não me machuquei, nem mesmo me estabaquei no chão. O menino que me esbarrou, pediu um “desculpa tia”, me senti a Lady Gaga, ao som de Bad Romance, pela a excentricidade da minha figura mais velha em meio a garotada. Melhor foi sentar-se novamente, e ouvir pessoas comentando sobre o vestido de quem passasse, do trabalho, de doença, todo e qualquer assunto que contrastasse com o tema: festa!

Para onde eu olhava tinha o número 15, pirulito, bombom, enfeites, quadros, parede. A todo instante me recordava do padre falando que jogava na mega sena, aquilo poderia ser um aviso. O tempo passava, e eu continuava a pensar quinze. Ou seria influência do meio? Preferi não subestimar minha idiotice.

Por falar em tempo achei curiosas as justificativas das pessoas para algumas situações: Não tive tempo de arrumar o cabelo, não tive tempo de sair para comprar uma roupa melhor, não tenho tempo para ir te visitar.

Quanto tempo gasto, quanta falta de tempo. O tempo justificativa para tudo! Então vou usá-lo aqui também, não vou mais gastar tempo com a saga dos 15 anos, nem fazê-los gastar mais tempo lendo isto, vou ocupar meu tempo pensando por que o título de um livro pode ser considerado como ofensa quando for oferecido como presente.

Nenhum comentário: