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quinta-feira, 8 de julho de 2010

Talvez em quase três anos de blog muitos que o le, que seguiram, ou ainda seguem em silêncio, estranhe esta postagem, não tem azedume, não haverá críticas diretas, nem tentativas de poesias. O motivo é simples: falta-me motivação, inspiração.

Hoje estou inteiramente introspectiva, não apática, mas voltada para o eu, o cuidar, o observar o meu EU, as vezes precisamos isso. Esse momento é de redirecionamento da vida. De tentar encontrar caminho, redirecionar outros, excluir outros tantos. Reconstruir uma vida plena para o que realmente vale a pena.

Não que eu vá deixar o passado de lado, mas utilizar o que vivi e aprendi com ele e transformar em novas energias. Isso é sadio, é renovar o que já se renova a cada dia: “a vida”.
Minha vida pouco se transformou em cinco anos, tirando um livro publicado três palestras para as quais fui convidada, uns e-mails e comentários motivadores, horas filosofando, de resto nada mudou, aliás piorou.

Com um diagnostico de transtorno bipolar pesando as costas, e mesmo você se sentindo bem, podendo ter uma vida normal, há algumas situações que te faza seguir rumos em que nada te ajudam.

As conseqüências da doença fazem com que você também se programe de acordo com o que pode. Tornei-me figura comum, mas sem nenhuma expressividade no meio, porém espera-se muito desse meio sem receber absolutamente nada em troca. Dizem que eu me afastei de amigos reais, mas na verdade eles se afastaram como seu eu tivesse algo contagioso, o recurso foi buscar refugio na Internet. Ledo engano.

É ruim não ser compreendida, chamada de preguiçosa, de que está fazendo doce, quando seu corpo e mente não reagem nem mesmo com medicação, você olha a volta e vê pessoas evoluindo crescendo, e você ali estagnada, e quando tenta fazer algo, não dá certo, você é excluída por um motivo fútil: um transtorno bipolar.

Falta oportunidade, lugar ao sol, falta caminhos. Mas sobram promessas, exclusão. É tão ruim andar pelas ruas em busca de um amigo, e aqueles que tanto te ligavam em época de faculdade, simplesmente entra na primeira loja que vê pela frente, ou desvia de você olhando para outro lado.
E quando exteriorizamos isso a desculpa é a mesma: é coisa da sua cabeça, você que não procura. Hoje não agüentei ao ouvir isso: perguntei, se sua mãe internar, adoecer, mesmo por algo simples, você a esperará ligar para saber como ela está. Se ela não o fizer virará a cara?

Assim é a realidade de quem é acometido por transtorno mental, mesmo que a pessoa não queira sair, tomar o chope, porque também não pode, não quer dizer que não precise de uma palavra amiga, real.

Um comentário:

Jeferson Cardoso disse...

Lilian, a tua luta veio, você não pediu para ter este transtorno, mas mesmo assim ele veio. A sociedade de um modo geral possui um comportamento superficial, dado à futilidades. Na verdade, mesmo uma pessoa que tenha plena consciência do valor de sua amizade ela se inibirá em cultivá-la, pois ela pensa que devido ao fato de você possuir tal diagnóstico pode ser ruim para ela ter amizade com você. Não é maldade, ou algo pessoal, é mesmo dificuldade de ser além das aparências.
Olhe, gostei muito do seu comentário em meu “Um Abraço”. Fico todo envaidecido quando alguém vem em uma postagem mais antiga de meu blog e deixa um comentário. É sinal que estou sendo lido além da minha última postagem. Deixo aqui pra você um forte abraço e espero que estes sejam apenas os primeiros de inúmeros contatos. Parabéns por seu livro. Imagino que seja muito grande o sentimento de realização.

Abraço, Lilian!