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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Discriminação: sabedoria ou ignorância



A copa do mundo acabou e muitas críticas se leram e foram ouvidas, talvez fosse uma tentativa de justificar nossa frustração pelo desempenho da seleção na copa do mundo.



Vi várias charges na Internet, mas pensei que ficasse restrito á piadas de mal gosto do mundo virtual, porém ao esperar um atendimento em um serviço burocrático ligado à saúde e ao social, percebi que muitas críticas ultrapassaram os limites da Internet, e chegou ao público.



No serviço que eu estava, enquanto aguardava para uma simples troca de endereço residencial meu, vi um painel com várias informações, e duas totalmente paradoxais, de um lado havia um aviso que desacato a funcionário público é crime, inafiançável. Do outro um foto do técnico da seleção brasileira (Dunga) e em cima dizendo: “Não faça como o Dunga, não use drogas”!



Quem lê a primeira vista pode até rir, acreditando ser uma brincadeira verdadeira. Mas se formos refletir, simplesmente estão chamando os jogadores de droga. Quem gostaria de ser chamado de droga, de lixo, de “um nada”, em pleno exercício da profissão, principalmente em um momento de erro ou falha?



Eu havia agendado meu atendimento previamente, por telefone, e já aguardava há duas horas, sem reclamar, sem saber se havia algum problema no sistema, ou se era atraso por questões alimentares ( vários cafezinhos que se via ir buscar). Fiquei imaginando se eu levantasse e falasse: “ não faça como o INSS, não contrate drogas!”. Certamente sairia algemada.



Fiquei a refletir a sociedade é discriminatória, é julgadora. Como o egoísmo não nos permite compreender o outro. O nosso próprio benefício sempre é primordial, mesmo que seja apenas para justificar nossa frustração, desviar atenção de um erro, impedir que nosso erro seja descoberto, nossas fraquezas.



Enfim, é melhor humilhar, discriminar o outro, do que aceitarmos nossas falhas, vulnerabilidades. O que muitos esquecem que essa prática de julgar os outros, ridicularizar, humilhar também é crime e chama-se bullying. E me entristece saber que até mesmo órgãos púbicos governamentais, corroboram com tal prática.

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