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quinta-feira, 18 de junho de 2009

De uma palestra ao pensar


Quando cheguei ali à frente daqueles alunos para apresentar um estudo que havia realizado vi olhinhos esperançosos que eu desse a fórmula mágica para acabar de vez com os hospitais psiquiátricos, ou quem sabe que eu falasse sobre os cuidados da enfermagem para com pessoas acometidas pro transtorno mentais.

Iniciei a minha fala mostrando uma série de personalidades que tinham transtorno mental e nem por isso deixaram de ganhar prêmios, de serem reconhecidos por seus trabalhos, e não pela sua doença que foi mero detalhe para contextualizar um sistema falido.

O que tentei mostrar ali não foi que uma pessoa pode superar uma doença, qualquer que seja ela. Tão pouco tentei mostrar o sucesso dos serviços substitutivos. Com exceção a mim, só mostrei pessoas de talento, famosas, nem sempre artistas, porém acometidos por transtorno mental, cujo tratamento não foi diferente de uma internação psiquiátrica, em hospital especializado.

Com isso, provei que o hospital psiquiátrico nem sempre é segregador, nem sempre é cronificante. Não é impondo um talento que ela desenvolverá alguma habilidade ou talento, mas lhe oferecendo um ambiente propício, com respeito, ética, sem preconceito, ou imposições.

Discursei sobre a realidade, sobre a falta de integralidade, do despreparo, da implantação de uma sistema em saúde mental baseado em outra realidade, uma realidade estrangeira, que nem mesmo lá com o avanço organizacional na saúde deu resultados satisfatório, e fiz a reflexão: será que com nosso sistema de saúde ( em geral0 fragmentado, sucateado, as novas propostas darão resultados positivos?

Ao final as perguntas foram suspensas por questão de tempo, e quem quisesse tirar dúvidas foi dado o meu contato. Durante um intervalo no evento, sentei-me na cantina, pedi um chocolate quente, estava bastante frio, e fiquei ao longe pensando no que tinha acontecido, quando uma turma de estudantes me abordou, querendo algumas respostas, alguma orientação.

Desejavam atuar na área de saúde mental, mas não sabiam onde e nem como, e depois do que eu havia falado estavam ainda mais na dúvida. As perguntas que me faziam, variavam desde como poderiam ajudar a Reforma Psiquiátrica, até o que poderiam fazer para ajudar os doentes em si.

Na hora eu respondi que para ajudar era preciso primeiro: vontade, e não apenas tentativa de se inserir em uma novidade, em discurso de autonomia profissional a partir da proposta de equipe multiprofissional. Depois ter respeito, não tentar impor nada, nem mesmo uma reforma. E se queriam algo realmente novo, seria ajudar os familiares, pois estes sim, estão desorientados diante da imposição da reforma a eles. Afinal cuidar de um ente querido não é peso nenhum, mas arcar com despesas de tratamento, continuidade do mesmo, e viver na ameaça de um surto em decorrência a uma não assistência fora dos hospitais, é , sem dúvida, a maior dificuldade enfrentada por eles.

Hoje continuaria com a mesma resposta, no entanto acrescentaria que para ajudar a reforma psiquiátrica, seria acabar com essa proposta, e lutarem pela reforma na saúde, consequentemente isso abrangeria as especializações, então a reforma seria mais coerente com as políticas de saúde que temos atualmente que zela pelo coletivo, pelo universal, o integral.

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