Páginas

Pesquisar este blog

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Integralidade

A primeira quinzena de novembro (2007) foi marcada por uma série de notícias sobre a saúde brasileira.

Dentre essas notícias está a possível greve dos Médicos do SUS que atendem à postos de saúde. As reivindicações são nossas velhas conhecidas: piso salarial de quase sete mil reais, melhores condições de trabalho, jornada semanal de 20hs.

Para muitos essa realidade é ilógica. Porém não impossível de acontecer. Porém só é possível se reformularem o sistema de saúde fazendo com que o mesmo atue conforme os seus princípios, o que não vem acontecendo em sua plenitude.

Os princípios são realizados sim! Porém não de forma coerente como devem ser. se os princípios ideológicos estivessem em pleno vapor ( universalidade, integralidade e equidade), os organizacionais estariam consequentemente funcionando também e os problemas da saúde praticamente sábados (descentralização, regionalização e hierarquização).

Para entender melhor vamos esboçar como a saúde funciona atualmente.

Descentralização: a saúde deixou de ser preocupação somente da esfera federal, o estado e os municípios passam assumir responsabilidades fundamentais.

Regionalização: as cidades não precisam estar 100% equipadas para todos os casos de saúde, existem a regionalização, as cidades se tornam referências em saúde ( pólos de saúde) então o interior ( cidade pequenas) têm cidades pólo de referência para casos mais complexos.

Hierarquização: a atenção à saúde e feita de acordo com a complexidade, assim foi dividido em três níveis de atenção primária( promoção a saúde, atenção generalista - postos de saúde e programa saúde da família), secundária ( tratamento ambulatorial de especialidades - dermatologia, gastro, neuro, etc.) e terciária ( nível hospitalar)

Universalidade: a saúde é direito de todos, e o indivíduo é um ser completo.

Equidade: todos devem ter igualdade de oportunidade em usar o sistema de saúde

Integralidade a atenção à saúde deve ser de forma integral, não só visando a doença como também a prevenção desta e manutenção da saúde.

Partindo desses conceitos podemos começar uma breve análise.

Se a saúde é de forma descentralizada, e o município passa a ter também responsabilidades fundamentais, este tem um papel fundamental no diagnóstico populacional. Ora se uma comunidade apresenta muitos idosos, as políticas de saúde devem estar em consonância destes. Se for uma cidade com população obesa considerável, as políticas de saúde devem estar voltadas a este público. Pois se a atenção primária consegue se organizar dessa forma, a hierarquização e regionalização, não ficam sufocadas, assim zelando pelo princípio da equidade e integralidade entre os serviços ( e não só vendo indivíduo de forma integral).


De todos os princípios a Integralidade é a mais importante, a partir do momento que se tem consciência que o indivíduo é um ser integral e sua saúde depende da integralidade de diversos “departamentos” sociais, a saúde deste está garantida, assim como da sociedade.

Um exemplo disto está acontecendo na Nova Zelândia. Este país proíbe a entrada de pessoas obesas com Índice de Massa Corporal, maior que 35 ( obesidade mórbida), isso se deve ao fato de a obesidade ser causadora de várias doenças cardíacas, metabólicas, circulatórias ( dentre outras). O risco de agravar o estado de saúde é grande, e sufocar o sistema de saúde é maior ainda. Assim a proibição de estrada ao país de pessoas obesas ( com IMC > 35) não é só um recurso do governo para manter o nível de saúde do país, é também uma iniciativa para prevenção de agravos à saúde – um benefício para a pessoa.

Alguns podem ver isso como exagero, enquanto a verdade é outra. Assim sendo verifica-se a integralidade da saúde com outros setores da sociedade (no caso consulados, etc.) e com o próprio indivíduo.

Quando se diz que o SUS é o melhor PLANO de saúde existente, não é mentira! Ele pode não ser o melhor SISTEMA, pois não funciona, talvez pela falta de compreensão de todos os seus pilares, isso aliado ao costume errôneo de grande parte da população que pensa em cura e não em promoção (vejam que digo promoção e não prevenção).

Nesses pressupostos pode-se dizer que a saúde só conseguirá sobreviver a mais essa doença se:

Ø a integralidade for pensada que indivíduo é um ser integral em sua saúde, e não em toda a sua complexidade ( é um ser bio-psiquico-social);
Ø os serviços de saúde exigirem mais que salários, melhores condições, redução de jornada, mas também, ampliação da integralidade, melhor conscientização da população, e trabalharem em prol disto.

Nenhum comentário: