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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O discurso político virtual




“ A conscientização não se dá no campo da imposição, mas da provocação”

Algo que sempre me incomodou em política são os discursos, não só em período eleitoral, como na “entre safra”. São discursos piegas movidos por um irracionalismo exacerbado que chega a ser chato. Pior que isso são as justificativas para a chatice desses discursos: ‘o povo quer ouvir isso”, “ se nós não falarmos nada vai mudar”, etc.

A bem da verdade,  a maior parte da população não quer ouvir sobre política, vão votar porque são obrigados,  e reclama  apenas quando precisa de algo e não consegue via poder publico. No entanto, raramente essas reclamações chegam ás instâncias que responsáveis pelas tais, ficam nos bancos das praças, nos salões de beleza, na hora do almoço ou lanche no trabalho, e atualmente nas redes sociais.

Quem gosta de ler, conversar, debater sobre política geralmente já tem suas convicções ideológicas, não mudarão por imposição de ideais alheios. Um bom argumento e muito poder de persuasão  é de extrema necessidade neste caso.

No entanto, o que observamos é  um esforço inabalável de impor a todos um discurso único. De impor uma (pseudo) ideologia aos demais. Isto vai contra os princípios democráticos, na sua conceituação mais superficial, e até da individualidade de cada um, no que se refere ao poder de escolha.

Impor um discurso impede  o outro de construir seu próprio conhecimento, e escolher mediante a isto o que ele acredita ser bom ou não para ele, enquanto Ser  participante de uma coletividade. O que deve acontecer é uma provocação para que o mesmo desenvolva habilidades, conhecimentos, consciência necessária para seu poder de decisão, para assumir suas responsabilidades para exercer sua cidadania e resguardar a democracia.

Por isso que o discurso piegas e polarizado que se encontra a política (partidária) brasileira não emplaca, e continuamos a ter  mais pessoas interessadas em  novelas, reality show,  futebol, moda, do que em política.

Acreditar que sensacionalismos políticos  envolvem a atenção por meio da emoção do eleitor é ledo engano.  Políticos ainda não são confundidos com “artistas”. É preciso lembrar também os vários casos de corrupção acabam por fazer com que os “não simpatizantes de política”, acabe generalizando impressões a todos os políticos, então não se insere ai um ou outra pessoa, um ou outro partido, mas o “mundo político”. Assim esse mundo é considerado como mentiroso,  corrupto, instável, exagerado e injusto.

Como defesa disto,  acaba-se por  confiar somente naquilo que os próprios sentidos podem confirmar, no caso o prazer. Daí a importância dada por muitos a temas que para alguns parecem ser  fúteis, não muito importantes, etc. Pois, como diz  Luigi Barzini, “somente o prazer é incorruptível”, haja vista que os nossos sentidos não podem ser sucateados.

Assim não adianta polarizar um discurso de um lado tentando derrubar uma mídia  - que atua não defendendo A ou B, mas aos próprios interesses – do outro estigmatizar e marginalizar pessoas, pois quem vai nortear  a crença de boa ou ruim, não é o que dizem da imprensa x ou de fulano, mas  a influência (positiva ou negativa) destes na vida de cada um, e isso se dá através dos sentidos.

Vejamos o exemplo de Lula e Rede Globo. De um lado temos esforços  colocando que Rede Globo manipula, que temos que boicotá-la porque mente e tenta marginalizar Lula, mas só acusam disso e daquilo e não provam a ponto de sensibilizar ninguém disto, este discurso não convence, e acaba por parecer que quem tenta manipular  é quem está falando “mal” da emissora de TV (rádio, jornal, etc). Isso porque a Rede Globo oferece de certa forma prazer, e Lula é inabalável, uma vez que  acaba  gerando o sentimento de  proteção aos cidadãos de si próprio. Por mais que afirmem que ele  roubou, parrticipou de esquemas, é corrupto também,  o que fica marcado são as “coisas boas’ que ele proporcionou ao povo,  a influência  dele na vida da população. A população não percebe, sente reflexões da corrupção no seu dia a dia, não compreendem que o sucateamento de serviços públicos seja  reflexo de corrupção, mas de má gestão local. O sentimento que fica então de Lula é o ‘homem bom” que se preocupa, que criou programas  assistências, que tirou boa parte da população de um estado de miséria extrema (e fez de certa forma). Então também não adianta tentar abalar isso buscando marginalizá-lo.

Dessa forma  pode-se afirmar que os discursos  contra o opositor se tornam vazios, incoerentes dentro da própria proposta, só demonstra desconhecer o eleitor. E o que é pior, tenta uma "desmanipulação" com manipulação. Criticam a circunstância  real, atual com a mesma proposta.

Pegando novamente o discurso sobre a mídia, alguns militantes colocam: “Precisamos de uma nova mídia, que não manipule,  livre”. Ora o que precisamos realmente são de novos espaços de discussão, de apresentação de idéias, e isto não significa dizer  que precisamos de um novo jornal, uma nova estação de rádio, um novo canal de TV, uma nova revista, mas criar novos espaços e/ou instrumentos de divulgação, debates e conscientização, buscando provocar o eleitor a construir a própria opinião, confrontando ideais, e não   reafirmando farsas, ou criando outras.

E quem vai nortear as novas implementações será a própria população, cada qual no seu espaço, na sua especificidade. Assim fugimos da uniformização midiática atual e da tentativa de conscientização de massa por manipulação e  imposição de ‘meias verdades”.

Essa mudança de paradigma  acarretará, consequentemente, a mudança  do próprio comportamento da militância partidária, já que necessitará  conhecer o local de abrangência para atuação, uma maior e melhor interlocução com a população, e  reafirmação da própria ideologia, para que esta possa ser trabalhada em toda a sua totalidade, e não mais a partir das lacunas deixadas pelos adversários, ou  a partir da ideologia deles.

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