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domingo, 11 de julho de 2010

Psicoterapia

Essa semana eu retornei a psicoterapia individual, apesar de no passado não ter me dado muito bem, dessa vez foi diferente, eu procurei, eu quis retomar. Muitos acreditam que análise, psicoterapia é para loucos. Que continuem achando, pois se eu vier com o velho discurso enfadonho que não é, vão logo dizer que quero me justificar que não sou louca.

A psicoterapia ajuda em muitas coisas, ela não resolve seus problemas, mas faz com que você direcione seu pensamento quando isso não é mais possível fazer sozinho, o que não se trata de incapacidade. Muitas vezes nos encontramos em situações que há muitos caminhos, muitos pensamentos, e não conseguimos canalizar esses pensamentos a fim de resolver problemas, dificuldades, fazer escolhas, mudar situações.

O primeiro dia é sempre engraçado, apesar de eu ter me emocionado algumas vezes. Você tem que se apresentar, sem as amarras impostas pela sociedade. Pra mim isso é fácil, complicado é responder algumas perguntas como a que me foi me feita: como eu me vejo diante da minha doença: transtorno bipolar de humor.
Não divagar foi impossível. Quando eu recebi o diagnostico eu levei um baque, como poderia alguém que atuava na área ser acometida por um transtorno mental. Depois de alguns poucos dias, isso me deu uma motivação maior, eu teria a experiência enquanto paciente. E olha como aprendi, atualmente sei que muito do que se fala, do que se escreve em livros e artigos são achismos, percepções de quem estuda manuais, grupos de sintomatologia da doença mental. Mas o viver éE diferente, ter esse ônus no “currículo” é muito diferente, chega a ser assustador, você sofre a exclusão o preconceito, na “pele”, se vê sem caminhos ou para onde correr.

O pior é quando você parte em busca de ajuda, e não recorre a pessoas certas: procura um desconhecido na internet, um primo leigo, um amigo de infância, ou aquele mais próximo. Ai quando você conta seus problemas, suas dificuldades, vem àquela enxurrada de palavras de motivação, que são motivação só pra eles. Encontram saídas que você já tentou e diz que não dá certo, mas insistem, só faltam dizer que você é incapaz de fazer aquilo. Alias a tentativa de dizer que você é incapaz é constante. A ajuda procurada se torna tormenta.
Falam que você tem que sair arrumar alguém, que você tem capacidades. Mas se eles precisam de algo que você sabe fazer, geralmente não é a você que eles procuram e dão a oportunidade.

Conselhos são o que não faltam, consideram que para mudar uma situação depende a penas apenas de querer. Essa é a primeira parte, a mais importante, mas não a única, depende de condições físicas, mentais, financeiras, sociais, dentre outras.

É ai que se insere a psicoterapia, somente um profissional especializado terá condições de considerar todas as esferas de necessidade do ser. Assim hoje posso responder que minha relação com a doença é de aceitação, o que não quer dizer que ainda me sinta perdida. Principalmente no sentido de perceber o que é realmente do meu raciocínio, da minha razão, o que é alteração da doença, ou influencia do meio.

Parece absurdo alguém não se dar conta disso, se você mesmo não consegue, quiçá outro, porém somente com essa inter-relação com um terapeuta é que é capaz de se discernir.

A sociedade atual provoca forte tensão, e pressão nas pessoas, independente delas terem ou não algum transtorno mental, assim chega um ponto em que essa pressão precisa ser extravasada, ser dissipada, melhor dizendo.

Hoje minha relação com a doença é de aceitação, porém com o descontentamento, de não conseguir transmitir a sociedade de que não perdi minhas faculdades mentais, que não ofereço riscos e nem perigo a ninguém.

3 comentários:

Marilia disse...

Força Lilian. Teus posts são a mais pura de todas as explanações que eu também sinto. Parabéns por conseguir escrever aquilo que eu não consigo.
Um abraço.

Manoel João disse...

Ola Lilian.
Muito interessante este texto. Realmente na estera da psicoterapia, nossa parte em estarmos bem com a gente mesmo, é fundamental. Com relação a seu comentário em meu blog concordo com você, embora eu interpretei o texo como forma de não perdermos tempo em permanecer estacionados.
Todo ciclo aberto, acaba por fechar-se, queiramos nós ou não. Mas realmente o que não se pode é ficar girando em circulos. De tudo,isso, o mais importante é caminhar e viver.
Obrigado pelo comentário e pelos elogios e tambem te parabenizo pelo seu blog.
Abraços.

Lou Albergaria disse...

Menina, chiquérrimo este post!!!

Também faço há quase 3 anos psicoterapia e foi o que tem me ajudado a voltar a escrever. Até terminei dois livros depois de ficar parada por quase 20 anos sem escrever praticamente nada.

Não fui diagnosticada como 'bipolar', mas sei que sou obscessiva-compulsiva, pois tenho um problema sério com a obesidade. Nos últimos 12 meses já emagreci 20 kg, mas a duras penas. Não tem sido nada fácil. E a psicoterapia que tem me ajudado a segurar a onda.

Foi muito bom ter te conhecido!!!

Você é humana! Ultimamente tenho visto tantos 'andróides' por aí...

Beijos!!! PAZ e LUZ!!!