Ela estava sentada naquela praça quase vazia, só lhe fazia companhia os pássaros, insetos, árvores e carros que eventualmente passavam. O lugar ideal, que representava o que ela sentia: o vazio. As mãos presas entra as penas deixavam o cabelo cobrir o rosto parcialmente, mas deixando os olhos perdidos no nada, impacientes piscavam procurando entendimento, respostas.
- Quem é você? Disse uma voz, que a fez girar procurando quem era. Avistou uma pessoa atrás do banco, um maltrapilho, mas que não chegou a assustar em sua aparência.
- Alguém... Fez uma pausa e completou – Perdida em si mesmo. E você?
- Ninguém eu já me perdi de mim faz tempo, já não sei que sou!
Disse o homem saltitando de girando em torno de uma árvore.
- E você fica feliz em não saber mais quem é?
- Claro, se não sei quem sou não sei dos meus problemas, vivo apenas cada segundo. Enquanto se eu estivesse perdido em mim, estaria preocupado em me achar, triste como você.
- Não estou triste, estou procurando um rumo.
- Só se acha a direção e algum lugar andando e não sentada num banco, você está estática.
- Para algo entrar em movimento, sair da estática é preciso alguma força para impulsionar. E eu procuro isto.
O homem num reflexo imediato, lhe deu um empurrão pelas costas, fazendo-a sair do banco cambaleando, tendo que se esforçar para não cair.
- Você é louco? Gritou ela.
- Não
- Por que vem me agredir assim? O que eu te fiz?
- Não te agredi eu só dei uma força para você sair da estática.
- Você podia ter me machucado.
- Ninguém aprende andar de bicicleta sem cair e ter uns arranhõezinhos.
- Eu devo estar sonhando, ou melhor, ouça, delirando tendo uma alucinação! Exclamou ela abrindo os braços e olhando para o alto.
- Não é delírio, nem alucinação, é apenas a verdade sendo colocada a prova. Você quer mudar, mas tem medo de ousar.
- O que você está falando, nem me conhece.
- Você se preocupa demais com o que os outros falam, e esquece o que você quer, o que seu interior fala.
- Não creio, agora um andarilho me dando lição de como viver?
- Isso andarilho, mas não estou dando lição, estamos refletindo. Por exemplo, sobre uma força que nos move, sobre rumos, sobre a vida!
Ele se levantou do banco e começou a caminhar no sentido contrário ao da moça.
- Ei! onde você vai?
- Em busca do meu almoço, tenho objetivos e prioridades na vida, a minha sobrevivência é fundamental.
- E você? Ficará parada ai? Sabe ao menos suas prioridadeS?
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