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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A ferida Mental

Imaginemos uma ferida, sim um ferimento em qualquer parte do corpo, que exposto a um microorganismo desenvolve um processo infeccioso, o organismo em defesa gera uma secreção purulenta, que traduz que o ferimento está infectado e precisa ser tratado.

Agora imagine uma pessoa exposta a um agente que interfere diretamente em suas emoções, na mente. Como não é um agente infeccioso, não tem como organismo produzir secreção purulenta, para dizer que a mente está infectada, então vem uma série de reações: irritabilidade, sonolência, insônia, ansiedade, tristeza profunda, apatia, fadiga, tensão muscular, desânimo, falta de apetite, etc.

Não é necessário aparecer todos os sinais. Eles vão aparecendo isoladamente, depois dois ou três, vão aumentando, e isso demora cerca de pelo menos seis meses. Alguns organismos conseguem superar esse desequilíbrio. Outros, no entanto, não conseguem, e chegam a um estado tal, que não suportam viver com esse desequilíbrio, daí surge a depressão.

A depressão então pode ser definida como uma reação de um estado insuportável de se viver, a pessoa não dando conta de viver em determinado estado, reage com a depressão. Assim a depressão o “pus” da mente.

Ao contrário do que se pensa que a depressão seja a ferida, o machucado, o problema. Ela é o sinal de que alguma coisa deve ser feita, caso contrário poderá vir a se tornar um caso perdido.

É importante destacar, entretanto, que a depressão apesar de ser um sinal de desequilíbrio, a existência de um estado mental insuportável de se agüentar, interfere em sistemas biológicos, pra isso a necessidade de medicação se torna fundamental, pois vai dar um suporte ao organismo, para que o mesmo reaja, o organismo reagindo, a mente recebe essa informação e começa a reagir também, e começa a trabalhar o estado de “insuportabilidade” que se encontra, encontrando alternativas para sair do mesmo.

Podemos então resumir a depressão como um grito de socorro da mente, é a reação “imunológica” presente na ferida mental. Porém a defesa do organismo para este ferida não é suficiente para cessar a ração inflamatória na mente, acabando por degenerar esse sistema de defesa, causando a depressão.

Muitos devem se perguntar então qual o microorganismo que causa essa infecção mental, já que mente não é algo concreto, palpável, não teria como as bactérias agirem na mesma.

As bactérias da mente são sensações mal interpretadas, mal codificadas. Sensações essas pessoais, porém advindas do mundo exterior, que acaba implicando com o mundo interior de cada um, o EU. Essas sensações sofrem influência direta do meio. Assim, o meio social (mundo externo) acaba por ser um veículo de contaminação mental, e àquelas pessoas nas quais o sistema de defesa mental está falho (dificuldade de interpretar as sensações) acaba por ser infectado, fazendo a depressão surgir.

Fica então a provocação a dúvida do que leva a mente de uma pessoa ter dificuldade para codificar ( ou decodificar) as sensações.

Um comentário:

Unknown disse...

Olá Sra. Lilian!

Achei muito interessante a maneira como vc escreveu sobre a depressão!

Os fatos da realidade externa/vivencial chegam aos indivíduos e dependendo do estado afetivo em que se encontram irão vivenciá-los de determinada maneira, de acordo com as emoções que são associadas a esse fato.
Isso, de certa forma, explicaria porque certas coisas são catastróficas para uns e sem significado para outros, pois o que realmente vale é a carga emocional que o indivíduo deposita.

Os afetos são inerentes as vivências e não existe vivência sem afeto. Sendo assim, o afeto interfere na qualidade da realidade percebida por cada um nós.

P.S.: Achei o seu blog ótimo!

Cordialmente,

Dra Bruna A. A. Ximenes

( por email)