O
Tema dependência química tem sido freqüente na vida dos juiz-foranos, é um tema
que inquieta muita gente, e tem
despertado interesse não só da mídia, mas de políticos.
Vislumbrar
ou lutar por soluções não tem sido resposta de preocupações com o tema em si,
mas certeza de voto. E o que temos observado são ações paradoxais e sem o mínimo
de respaldo técnico para tal.
Quando
falo respaldo técnico não me refiro apenas a questões sobre efeitos da droga no
organismo, sofrimento de familiares e
aumento da violência. Refiro-me às alternativas de tratamento, estruturas para tal (físicas e técnicas),
especificidade da cidade para enfrentamento da problemática.
A
moda agora é falarmos em COMPID (Conselho Municipal de Políticas Integradas
sobre Drogas, internação compulsória e fechamento de hospitais especializados
(psiquiátricos).
O
COMPID não resolvera muitas coisas, não
é deliberativo e não tem representatividade ideal para realmente ser
eficaz e incisivo ao problema. Corre
grande risco de ser mais um conselho “manipulativo”,
que só participam ‘pau mandados”.
Sobre
o fechamento dos hospitais, já rascunhei alguma coisa por aqui essa semana,
sobre análise da saúde em Juiz de Fora e
irei escrever amiúde em outro texto. No
entanto, para falar de internação
compulsória, precisamos falar do fechamento dos hospitais.
Qual
estrutura do sistema de saúde a cidade tem para receber pessoas acometidas para
dependência química? NENHUMA! Os hospitais psiquiátricos tem feito um
atendimento paliativo, pois recebendo uma diária de R$ 43,00 para custear o
tratamento de cada paciente, é impossível
apresentar resultados
positivos definitivos. Mal paga
medicação, quiçá alimentação e terapia
ocupacional, comportamental, etc.
Os
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), não abarcam toda a demanda, e em alguns
casos não são indicados para o tratamento da dependência química. Os hospitais
gerais da cidade não possuem estrutura, condições para receberem essa demanda.
Recentemente uma pessoa tentou suicídio num hospital geral privado da cidade,
uma pessoa, que diziam que estava com depressão, imagine alguém com um grau
exacerbado de abstinência, na fissura?
Em um hospital conveniado ao SUS, uma
pessoa deu entrada com tentativa de auto extermínio e saiu apenas com avaliação
do neuro, ortopedista e com uma receita de dipirona. Sequer chamaram o
psiquiatra.
A
emergência psiquiátrica é ridícula, e
dispensa os comentários sórdidos.
O que
resta então são as comunidades terapêuticas. Infelizmente não, elas também não
escapam. Ter um local decente para a pessoa se tratar não significa eficácia no tratamento. Nessas clínicas não
há equipe terapêutica completa, e o projeto terapêutico é fixo, sendo que o
indicado é um projeto individualizado, exclusivo, baseado na proposta de
clínica ampliada.
Falar
em internação compulsório temos que
falar, obrigatoriamente, em serviços de saúde disponíveis, para só depois
pensarmos em baixar um decreto. Também não basta permitir internação compulsória, temos que
ter um feedback da resolutividade dessas internações e, ainda, programas de
prevenção à dependência química, programa de redução de danos na atenção
primária. Algo que estamos longe de ter.
E o que estamos observando em Juiz de Fora com as discussões vigentes na Câmara Municipal de Juiz de Fora e demais setores afins, é um paradoxo, estão passando o carro à frente dos bois, e quem vai pagar o pato será somente a cidade, pois algumas aprovações podem entregar de vez a saúde da cidade, principalmente o departamento de saúde mental, nas mãos de quem controla a cidade para próprio beneficio.
Não
adianta ficarmos com o controle remoto da TV nas numa mão e papel e caneta na
outra para anotarmos os modismos, e depois sair falando asneira, ou em práticas
populistas de politicagem barata, pois quem sofre não são os politiqueiros, mas
as pessoas acometidas por transtorno mental e
suas famílias.
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p.s: Não estou aqui afirmando que não tenha de ter discussão sobre internação compulsória, e tão pouco dizendo que os hospitais não devam fechar, estou apenas mostrando que a forma como está sendo feito está sucateando ainda mais o setor.
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p.s: Não estou aqui afirmando que não tenha de ter discussão sobre internação compulsória, e tão pouco dizendo que os hospitais não devam fechar, estou apenas mostrando que a forma como está sendo feito está sucateando ainda mais o setor.
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