O
povo! A verdade é essa. Não importa quem não preveniu, ou quem deixou de
planejar, quem negligenciou ou quem adoeceu, muito menos quem morreu ou morrerá
por dengue. Quem paga o pato, o enterro, as flores e demais contas somos nós!
Não
é privilégio de Juiz de Fora apresentar mais registros de casos de dengue
nesses dois primeiros meses de 2013 do que todo o ano passado (2012). Várias
cidades do país vivem essa triste realidade. E quem padece é o povo, que ainda é apontado como único culpado.
Não
é apenas nas residências que encontramos foco,
ao passarmos pelas margens do Rio Paraibuna podemos ver vários copos, garrafinhas ali jogados como
possíveis criadouros do mosquito. Será que estão culpando as capivaras que ali
residem também? Ao longo da linha férrea idem, além de lixo, mato, podemos ver
restos de construções, latas de tintas,
pneus, etc. A culpa são dos trens que não varrem sua “casa”?
Fácil
culpar quem não pode se defender, até por ter culpa também.
Em
Juiz de Fora algumas coisas me inquietam
muito sobre o tema, e não diz respeito em especial ao aumento dos registros e
caso da doença, mas em relação ao
enfrentamento da mesma. Dizer que ainda não é preciso alarde porque ainda não
temos uma epidemia é debochar da gente. Um caso apenas de dengue já é caso de
alarde, é falta de educação, de higiene, de prevenção, é assinar que algo está
errado no enfrentamento do problema.
Não
podemos também cair num faz de conta e das eternas justificativas de
início de gestão, primeiro ano de uma gestão, ano eleitoral, etc. Aqui em Juiz de Fora temos NOVE vereadores
reeleitos; SEIS ex- vereadores, um ex-secretário e um subsecretário no primeiro
e segundo escalão da atual gestão,d entre outros funcionários remanejados
também para compor a equipe do atual prefeito que era DEPUTADO ESTADUAL pela
cidade.
Onde
estavam essas pessoas tão preocupadas com o futuro e bem estar da cidade, que não
perceberam o descaso com a prevenção da Dengue, o descaso com a saúde, que era
vista a olhos nus e denunciada pelo próprio secretário de saúde atualmente,
enquanto era vereador?
Com
todo respeito e admiração que tenho pelo secretário de saúde fico estarrecida
ao ler o mesmo postar na rede social que demitiu agentes de endemias por não compareceram
a uma convocação e não desempenharem a função corretamente, e comparar essa
situação ao neurocirurgião que não estava no plantão quando uma menina foi
baleada, e devido a demora na cirurgia ela veio a óbito.
Se
eu fosse Justus, o diria: “ Você está demitido”. Não pela comparação tosca, mas
por ele também ter se omitido do problema enquanto vereador e presidente da comissão de saúde.
Projeto de
lei e alertar não bastam. Por que ele não gritou aos quatro ventos o descaso
com a doença como falou nas redes sociais sobre a não compra de medicação? Se ele detectou agora que um agente não
desenvolveu a atividade de forma plena, por que ele não foi fiscalizar enquanto
vereador e presidente da comissão de saúde na câmara,e ra função dele e prioridade da cidade, não?
Estranho
isso, somente enquanto secretário tomou essa iniciativa? Não sei o que é pior: detectar a falha só agora, ou fazer valer seu “poder” agora.
A campanha contra a dengue na cidade já
equivocada e correndo contra o tempo, demitindo agentes já treinados só piora a situação..
Equivocada
porque não é no período chuvoso que se inicia a campanha contra a doença. Aliás,
não há período certo, se queremos acabar com a doença, é combate o ano todo. Ok, o secretário só "entrou" agora na função, mas era vereador, com acesso fácil à secretaria de saúde, e ainda temos que pensar na equipe de transição que poderia colaborar, e muito?
Demitir
agentes já treinados em plena campanha, contratar outros e ainda ter de
treiná-los é perder tempo. É perder para um mosquito. Se perder para um colega
de bancada é ruim, imagine para um inseto?
A
atitude de demitir pelos motivos justificados pareceu muito mais uma
possibilidade de criar cabides de emprego do que preocupação com a população.
Talvez uma advertência, uma punição (não sei se pode, por exemplo, cortar o
ponto do dia, perder cesta básica se ganham) seria muito mais coerente e eficaz que demitir, contratar e treinar
outros. Mesmo os que foram readmitidos já voltam desanimados e temerosos.
Agora
de quem é a culpa? Somente da população que não cuida de possíveis criadouros
da doença?
Parafraseando Renato Russo “mudaram as estações e nada mudou, mas eu sei que alguma coisa aconteceu está tudo assim tão diferente”. E o diferente é um ufanismo descabido e ações paradoxais.
Juiz
de Fora tem de ficar esperta, pois vivemos num estágio de tragédias anunciadas.
Leia mais sobre a doença na cidade:
http://www.tribunademinas.com.br/cidade/registros-de-dengue-ja-superam-casos-de-2012-1.1235327
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